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Desemprego cai, mas próxima gestão terá de fazer ajuste para avanço sustentado

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Trabalhadores fazem fila durante feirão de empregos em São Paulo - Zanone Fraissat/Folhapress

Com alguma perda de ritmo recente, permanece por ora a tendência de retomada da economia brasileira impulsionada pelo mercado de trabalho, com geração de emprego e crescimento da renda.

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego recuou para 8,7% no 3º trimestre, o menor patamar desde junho de 2015. Apesar do pequeno recuo da população ocupada no mês (0,4% ante os três meses encerrados em agosto, descontando os efeitos sazonais), a demanda por mão de obra permanece sólida.

A geração de postos formais atingiu 1,8 milhão em 2022. A despeito do nível elevado da informalidade, a parcela de criação de empregos com carteira assinada tem sido relevante neste ano (50% do total).

O destaque fica com a geração de renda, que cresceu 12,9% em termos nominais em 12 meses. A massa salarial —o número de pessoas ocupadas multiplicado pela renda habitual, já descontada a inflação— cresceu 9,9% no período.

É um bom pano de fundo para a demanda por bens e serviços, base para a expansão do PIB, que deve se aproximar de 3% neste ano. Não por acaso, o Datafolha detectou o maior otimismo com a economia desde 2015, quando tal percepção passou a ser investigada.

Mesmo assim, o prognóstico para 2023 é de desaceleração, já evidente com a perda de ritmo no comércio e a estagnação na produção industrial. Uma razão é a política monetária apertada, que cobrará preço crescente adiante.

Com inflação em queda, mas acima da meta até pelo menos o início de 2024, e com elevados riscos externos e domésticos, o Banco Central deve manter seus juros em 13,75% anuais por muitos meses.

O principal ponto de preocupação para o BC é a incerteza sobre a gestão das contas públicas, que dependerá das decisões do presidente a ser eleito neste domingo (30). A necessidade de retomada da austeridade fiscal, aliás, voltou a ser objeto de alerta do FMI no contexto de juros em alta no exterior.

Nesse sentido, o legado de Jair Bolsonaro (PL) é infausto, a começar por uma proposta orçamentária fantasiosa que não incorpora os gastos já contratados ou prometidos para o ano que vem —como o Auxílio Brasil em R$ 600 e a retomada do pagamento de dívidas judiciais. Lidar com esse tema durante o período de transição será um primeiro desafio.

O assunto crítico para a próxima gestão será a criação de uma regra factível para substituir o atual e desacreditado teto de gastos, o que deve consumir os primeiros meses de governo no ano que vem.

Para manter a tendência de crescimento da economia, com geração de emprego e renda, será fundamental sinalizar responsabilidade no trato com o Orçamento.

editoriais@grupofolha.com.br

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