Chegou ao fim a fase de grupos da Copa do Mundo do Qatar, com novidades e surpresas que mantêm a alta voltagem de interesse e controvérsias em torno dos Mundiais de seleções nacionais de futebol.
Talvez a primeira constatação, nesta etapa inicial, seja a de que a concentração dos melhores jogadores do mundo em equipes da Europa —e o quase monopólio do velho continente em competições de altíssimo nível— não diminuiu o interesse pela Copa.
Embora não seja mais o ansiado momento de encontro de craques dos diversos cantos do planeta, já que hoje praticamente todos, consagrados ou emergentes, atuam em ligas europeias, a disputa de seleções a cada quatro anos continua a empolgar e a atrair atenções.
As próprias estrelas do espetáculo demonstram de forma inequívoca a importância que dão ao torneio de curta duração. Jogadores consagrados, atuantes em clubes milionários, reagem com emoção visível a sucessos, malogros e lesões no transcorrer das partidas.
Dentre as novidades, a que mais tem provocado discussões é a nova tecnologia do VAR, a arbitragem eletrônica que se tornou vedete do esporte nos últimos anos. Criado para dirimir dúvidas e aplacar polêmicas, o VAR e suas checagens de imagens embasam decisões objetivas, mas naturalmente não eliminam a necessidade de interpretações por parte dos árbitros.
Uma das peculiaridades dessa Copa, ao menos em seu início, tem sido a capacidade de algumas equipes tidas como coadjuvantes assumirem protagonismo contra seleções tradicionais, em especial da Europa.
No caso mais espantoso, o Japão venceu Espanha e Alemanha, eliminando a segunda, quatro vezes campeã da competição.
Como a seleção asiática, o Marrocos também terminou em primeiro no seu grupo —no qual a Bélgica, que eliminou o Brasil em 2018, não conseguiu se classificar.
Argentina, França e Portugal, listadas entre as favoritas, sofreram derrotas inesperadas para Arábia Saudita, Tunísia e Coreia do Sul, respectivamente. O mesmo aconteceu com a seleção brasileira diante de Camarões, nesta sexta-feira (2).
O nível máximo de excelência do esporte pertence hoje aos certames nacionais e continentais de clubes da Europa, mas a emoção de partidas decisivas e imprevisíveis, além da paixão nacionalista, mantém o apelo da Copa.
O futebol, como nenhum outro esporte, combina competição, espetáculo, negócios, política e globalização —e o Mundial de seleções nacionais continua parte importante dessa engrenagem.
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