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Economia desacelera; prudência fiscal será melhor contribuição de Lula

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Rua 25 de Março, maior centro de comércio popular da cidade de São Paulo (SP) - Rivaldo Gomes/Folhapress

A economia brasileira recuperou-se de maneira rápida depois do impacto inicial da pandemia, em 2020, e o desempenho surpreendente continuou ao longo de 2022 —como se viu com a divulgação dos números do Produto Interno Bruto nesta quinta-feira (1º).

Uma dúvida importante é se houve, no período, mudança que tenha aumentado a capacidade de crescimento equilibrado do Brasil, o assim chamado PIB potencial.

Outra questão diz respeito ao que será feito do endividamento público ora sem controle, o que pode frustrar as expectativas de que o país deixe para trás o quadro de estagnação em que vive desde o fim da recessão de 2014-16.

No início do ano, as previsões de mercado para o crescimento do PIB neste 2022 rondavam não mais de 0,5%; ao fim do segundo trimestre, a estimativa subiu a 1,5%. Agora, mesmo em caso de estagnação neste quarto trimestre, calcula-se uma taxa acima de 3%. Já a expansão da atividade em 2021 foi revisada pelo IBGE de 4,6% para 5%.

Trata-se de um resultado bom, dadas as circunstâncias. Houve eliminação maciça de empregos entre março de 2020 e março de 2021, tumulto permanente no governo, inexistência de política econômica organizada, violação aberta do teto de gastos, guerra na Ucrânia e crise mundial de energia.

Ainda assim, obteve-se uma retomada, em parte anabolizada pelos gastos eleitoreiros de 2022. O setor de serviços, o mais prejudicado pela Covid-19, foi o de recuperação maior, acima da média do PIB. A taxa de investimento está nos níveis mais altos do século, menor apenas que a dos anos de 2008 a 2014.

Mas há evidente desaceleração. No terceiro trimestre, o PIB cresceu 0,4% —vinha em ritmo superior a 1%. Os indicadores de confiança das empresas caíram de modo relevante em novembro. O movimento do comércio está em declínio e o emprego aumenta menos, embora ainda em ritmo forte.

É compreensível. A alta das taxas de juros, a economia mundial em baixa e o endividamento das famílias cobrariam seu preço. Por ora, espera-se que o PIB cresça em torno de 1% em 2023. Entretanto a perda de vigor pode ser cíclica, transitória. Assim que a inflação estiver debelada, pode haver retomada. De que maneira, é a questão.

Ainda está sob exame a hipótese de que as reformas realizadas desde 2016 —trabalhista, previdenciária, regulação da infraestrutura— teriam elevado o potencial de crescimento. Além do mais, qualquer recuperação será prejudicada pelo menosprezo dos problemas fiscais.

No curto prazo, uma baixa precoce de juros e uma valorização do real favorecem o PIB de 2023. É o que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa entender.

editoriais@grupofolha.com

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