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O que a Folha pensa terrorismo

Desarmar bombas

Desmobilização de atos antidemocráticos demanda inteligência e rigor da lei

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Agente do esquadrão antibombas desativa dispositivo explosivo encontrado em Brasília - Adriano Machado/Reuters

Depois de ter sido surpreendida por atos de vandalismo em 12 dezembro, quando ônibus e automóveis foram incendiados por bolsonaristas radicais, Brasília foi palco, na véspera do Natal, de uma sinistra tentativa de explosão de bomba num caminhão-tanque nas imediações de seu aeroporto.

Preso pela Polícia Civil como suspeito de arquitetar o ataque, George Washington de Oliveira Sousa, que se declarou gerente de um posto de combustível no Pará, estava de posse de uma coleção de armas de fogo, que adquiriu, segundo sua versão, incentivado por pronunciamentos de Jair Bolsonaro (PL).

O detido relatou ligações com os grupos que permanecem acampados diante do Quartel-General do Exército, recusando-se a aceitar o o resultado da eleição presidencial. Descreveu o que seria um plano para "dar início ao caos" na capital federal, com o intuito de criar condições para a decretação do estado de sítio pelo Executivo.

Tal situação, segundo um raciocínio desvairado, facilitaria uma intervenção militar contra as instituições democráticas. Segundo Sousa, também seriam colocados explosivos em postes da rede elétrica em Taguatinga, cidade-satélite do Distrito Federal.

O episódio lança, inevitavelmente, apreensões sobre a cerimônia de posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Providências vêm sendo tomadas por membros do futuro governo e autoridades da segurança pública para garantir um ambiente pacífico durante a solenidade de 1º de janeiro.

Não se deve duvidar da existência de criminosos em potencial, fanatizados e com acesso a armas de fogo, entre os grupelhos que fazem manifestações antidemocráticas. Isso, claro, sem contar os celerados que já foram às vias de fato.

É evidente a semelhança entre o plano descrito pelo homem preso em Brasília e métodos do terrorismo —embora a lei brasileira, de 2016, seja mais clara em atribuir essa palavra a atos motivados por "xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião".

O impulso autoritário mobiliza uma parcela diminuta da sociedade, decerto, e uma aventura contra o Estado de Direito tem chances nulas de prosperar. Há que conter, de todo modo, os danos que os desatinados são capazes de provocar.

A desmobilização dos manifestantes e a identificação dos focos de perigo devem ser conduzidas com rigor, tempestividade e inteligência. Autoridades civis e militares comprometidas com a defesa da Constituição estarão à altura da tarefa. De Bolsonaro não se espera nada melhor que omissão.

editoriais@grupofolha.com

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