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Sarrafo paulistano

Com folga de caixa, Nunes deve ser cobrado por melhoras, a começar na zeladoria

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Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

A maior metrópole do país é um notório moedor de reputações políticas e administrativas. Desde a redemocratização, os moradores de São Paulo nunca elegeram duas vezes um mesmo prefeito, tendo experimentado opções à direita, à esquerda e ao centro político.

Tampouco puderam ver grandes avanços no enfrentamento de mazelas que afligem a cidade há décadas, casos do trânsito caótico, da escassez de moradias, da população de rua, da vulnerabilidade a enchentes e até das deficiências na zeladoria —para nem falar de carências em educação e saúde, que não são peculiaridades paulistanas.

Por muito tempo se atribuiu o desmazelo ao exorbitante endividamento do município, herança das gestões de Paulo Maluf (1993-96) e Celso Pitta (1997-2000), que travava o acesso ao crédito e consumia parcela expressiva do Orçamento com juros e amortização.

Entretanto uma renegociação obtida por Fernando Haddad (PT) em 2015, com apoio do governo da correligionária Dilma Rousseff, reduziu consideravelmente as despesas financeiras locais.

O problema ali passava a ser a crise fiscal produzida por Dilma, que levou o país a recessão profunda seguida por anos de quase paralisia —e os entes federativos sofreram tais efeitos na arrecadação.

Dado esse contexto, a situação da prefeitura hoje pode ser considerada das mais favoráveis. O auxílio federal recebido durante a pandemia e a expansão da economia e das receitas nos últimos dois anos fortaleceram os cofres municipais.

Eles receberam R$ 85,8 bilhões no ano passado, num salto de 17,2% ante os R$ 73,2 bilhões, em valores corrigidos, de 2019, último exercício antes da crise sanitária.

No entanto os resultados desse incremento portentoso não parecem claros sob o prefeito Ricardo Nunes (MDB), cuja gestão ainda não dispõe de uma marca clara.

De mais visível no cotidiano dos paulistanos, a zeladoria permanece motivo de queixas aos milhares —mais precisamente, 1.221 feitas por dia em razão de lixo, calçadas e pistas, em média, entre janeiro e setembro de 2022, acima das 1.044 no período correspondente de 2021, como noticiou a Folha.

Não se desconhece a complexidade de gerir uma metrópole de desequilíbrios históricos e superlativos. Todavia inexistem, no momento, desculpas para a escassez de melhorias. Ainda que possa se mostrar fugaz, a folga orçamentária precisa ser aproveitada.

editoriais@grupofolha.com

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