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Cimar Azeredo Pereira, Preto Zezé e Renato Meirelles

A favela no mapa

Parceria vai ajudar a encontrar parte da população ainda não recenseada

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Cimar Azeredo Pereira

Presidente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)

Preto Zezé

Presidente da Cufa (Central Única das Favelas)

Renato Meirelles

Fundador do Instituto Data Favela e presidente do Instituto Locomotiva

Depois de retardado por dois anos devido à pandemia de Covid-19 e a deficiências orçamentárias, o Censo de 2022 está na fase de apuração, ou seja, na reta final. Cerca de 91% dos lares brasileiros já responderam aos recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas os desafios ainda são grandes para não deixar ninguém de fora.

Um contingente entre 16 e 18 milhões de brasileiros, que equivaleria ao terceiro ou quarto estado do país, mora em favelas e comunidades nem sempre acessíveis aos recenseadores. E, no Censo, todos e cada um contam.

Recenseador coleta dados em quilombo de Cabo Frio (RJ) para o Censo 2022 - Eduardo Anizelli - 17.ago.2022/Folhapress - Eduardo Anizelli

Neste sábado (25), inicia-se uma parceria entre o IBGE, o Instituto Data Favela e a Central Única das Favelas (Cufa), que auxiliará os recenseadores em encontrar a parcela da população que ainda não foi recenseada nas comunidades. A parceria foi batizada "Favela no Mapa" e deve atingir todas as unidades da Federação.

Com a atuação de uma ampla rede de lideranças da Cufa e do Data Favela, o IBGE vai conseguir ter acesso possibilitado a uma população que muitas vezes não é facilmente acessada pelos recenseadores. Seja pelo fato de a maior parte dos habitantes dessas comunidades passar grande parte do dia trabalhando fora, pelas dificuldades em encontrar domicílios devido à densidade de moradias e à ausência de endereçamento ou, ainda, pelos recenseadores serem recebidos por uma população que, algumas vezes, prefere não prestar informações.

Agora, as portas das comunidades serão também abertas pela rede de lideranças e ativistas sociais que vivem, de dentro, a realidade destes lugares. Ao longo dos próximos dias, os recenseadores do IBGE estarão acompanhados de representantes da Cufa e do Data Favela para garantir o avanço do Censo 2022, refletindo a realidade das comunidades da melhor forma possível.

Mais do que um papel institucional do IBGE em levantar dados fidedignos de uma realidade desafiadora para o poder público, a parceria se propõe a criar laços entre as instituições para atualizar a maneira como as favelas e sua população são percebidas. Como sempre tem dito uma parceira fundamental da iniciativa, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, os dados e estatísticas serão essenciais para nortear a definição de políticas públicas pelas três esferas de governo.

Além do poder público, empresas atentas também poderão se guiar pelo Censo. Segundo dados divulgados pelo Data Favela neste mês, a população dessas comunidades movimenta R$ 202 bilhões por ano. Na era da informação, todas as grandes empresas trabalham com pesquisas de mercado para entender seu público consumidor e ser mais eficiente ao lançar um produto ou serviço. E, para esses levantamentos, o setor privado depende, e muito, das bases de dados robustas do Censo.

Levando tudo isso em conta, não podemos ignorar também que esta edição do Censo é uma das mais desafiadoras para o IBGE, que tem a previsão de divulgar os primeiros resultados em abril ou maio. Isso só aumenta a responsabilidade dos envolvidos nessa parceria em buscar, por meio dos mutirões, guias e soluções para colocar todos no mapa.

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