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Gilson Rodrigues

Todo dia é Dia da Favela

Somos um modelo coletivo, apto a ocupar os melhores e mais altos lugares de poder

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Gilson Rodrigues

Presidente do G10 Favelas e CEO do G10 Bank

Não por acaso, o mês de novembro merece ser visto como um mês de representatividade, no qual datas como o Dia da Favela, comemorado nesta sexta-feira (4), e 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, sejam enxergadas como um momento de despertar.

Somos cidadãos com sonhos, anseios e não queremos viver com o estigma de marginalizados.

Queremos aparecer, e isso tem acontecido graças às lideranças, que têm se levantado para dar voz às representações sociais em tempos de desigualdade.

Gilson Rodrigues na favela de Paraisópolis, em São Paulo - Danilo Verpa - 15.jul.22/Folhapress

Não queremos ser vitimizados, até porque as nossas conquistas estão alcançando lugares antes inimagináveis. A percepção negativa relacionada às favelas está sendo dissolvida. Hoje não podemos vincular todos os moradores de favelas à criminalidade ou à pobreza extrema.

Precisamos de ajuda sim, mas estamos comprometidos em tomar posição e mostrar a potência que se aglutina em cada pedaço de terra, debaixo de cada telhado, atrás de portas e janelas que abrigam famílias brasileiras que nutrem fé e esperança.

O Instituto Favela Diz divulgou uma pesquisa com perfil sociodemográfico, informações sobre o mercado de trabalho, consumo de produtos, marcas e acesso aos meios de comunicação.

A favela está conectada aos meios de comunicação e acessa massivamente a internet, as redes sociais, assiste à TV aberta e a cabo. Além disso, a tecnologia alavanca e democratiza a informação de outros meios, como o celular —via WhatsApp e jornal.

Existe uma vibração constante e positiva que pulsa no coração das favelas, um clamor coletivo que nos desperta para a esperança; são vozes de resiliência e força. Somos um modelo coletivo, apto a ocupar os melhores e mais altos lugares de poder dentro de uma sociedade.

Debater as melhorias aos moradores das favelas é um assunto que necessita ser amplamente discutido em pautas e projetos habitacionais.

O Dia da Favela não é só uma data para ser lembrada todo dia 4 de novembro: precisamos de atuações mais efetivas, para que a luta pelos direitos dos trabalhadores e a importância dessa população que trabalha, estuda e contribui ativamente para a economia do país seja vista como um ciclo em constante movimento e evolução.

As ações, principalmente para os acontecimentos pontuais neste dia tão importante, devem ser constantes —uma extensa luta pela liberdade, aceitação e reconhecimento de uma jornada longa, mas persistente e vitoriosa.

Potencializar e incentivar o que vem dando certo nas favelas do Brasil é bom para o país, para a economia e para a população em geral. Afinal, empreender é de favela.

TENDÊNCIAS / DEBATES
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