Descrição de chapéu
O que a Folha pensa

Sem causa

Com ação criminosa, MST interessado em cargos fornece discurso a bolsonaristas

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Integrantes do MST invadem fazenda de eucalipto na Bahia - Divulgação/Comunicação do MST-BA

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra já era um tanto farsesco na década retrasada, quando empregava métodos violentos em nome de uma causa duvidosa sob complacência camarada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Já se questionavam, na época, a eficácia e os limites da reforma agrária como política social, dados os custos elevados, a urbanização irreversível do país e a produtividade da agropecuária mecanizada.

Mesmo com o ritmo inaudito das desapropriações, o MST mantinha o discurso radical e prosseguia com suas invasões de propriedades a qualquer pretexto, enquanto obtinha cargos e verbas públicas.

Mais recentemente, os sem-terra ficaram em relativa calmaria sob Jair Bolsonaro (PL) —que se gabava de ter posto fim ao movimento com a entrega de centenas de milhares de títulos de posse a assentados em governos anteriores.

Eis que agora, no retorno de Lula ao poder, o MST volta a ter destaque no noticiário com a invasão de três fazendas de cultivo de eucaliptos da Suzano Celulose, no extremo sul da Bahia, mobilizando cerca de 1.500 integrantes.

Trata-se de terras produtivas, o que contraria a tradicional propaganda a respeito das ações do movimento. Este apresentou a versão oficial de que o objetivo era pressionar a empresa a cumprir um acordo de 2010 envolvendo a cessão de terras para 600 famílias.

No próprio site do MST na internet, sugerem-se motivações bem menos revolucionárias. "O MST acionou o alerta amarelo diante da demora do governo federal em nomear a presidência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra)", relatou-se ali na segunda-feira (27), dia da invasão das fazendas na Bahia.

Na mesma data, o governo federal efetivou o servidor de carreira César Aldrighi, até então interino, no comando do órgão. A nomeação estava atrasada em razão de disputas políticas pelo posto.

A reforma agrária há muito perdeu relevância entre as principais bandeiras do PT —já sob Dilma Rousseff, que não era dada a economizar dinheiro, o ritmo de incorporações de terras para o programa desabara. Não há expectativa de retomada vigorosa agora.

Já o MST, mesmo amansado, ainda se presta ao papel de espantalho para os setores antipetistas da sociedade, notadamente no agronegócio. Com seu ato criminoso desta semana, forneceu um discurso fácil aos seguidores de Bolsonaro.

editoriais@grupofolha.com

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.