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De novo a gasolina

Alta do petróleo ameaça intensificar pressões do governo sobre a Petrobras

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Fachada do prédio da Petrobras, no Rio de Janeiro (RJ) - Sergio Moraes/Reuters

As tensões domésticas e internacionais em torno dos preços dos combustíveis voltam a ganhar impulso com a decisão dos países produtores de reduzir a oferta de petróleo.

Até o fim de semana, a desaceleração do ritmo de crescimento mundial contribuíra para a queda das cotações, tendência intensificada pelas quebras de bancos nos EUA e na Europa. Ao menos no curto prazo, havia indícios de que o preço do barril do tipo Brent poderia ficar abaixo de US$ 80, ante US$ 101 na média de 2022.

No domingo (2), porém, a Opep+, cartel de países produtores, anunciou uma redução de 1,1 milhão de barris por dia. Em novembro, o corte fora de 2 milhões de barris. A produção mundial de petróleo e outros combustíveis líquidos é de cerca de 100 milhões diários, dos quais um terço da Opep+.

A providência atende a interesses da Arábia Saudita, que desenvolve um ambicioso projeto de transformação econômica com o intento de se tornar um centro turístico e tecnológico. Antes da empreitada, as contas do país requeriam um barril à cotação de US$ 75, na avaliação de analistas. Agora, o piso seria maior do que US$ 90.

Pouco antes do anúncio do corte da produção, já era esperado que o preço teria alguma alta por causa da retomada da economia chinesa. Agora, acredita-se que o Brent chegue a algo entre US$ 90 e US$ 95 no final do ano.

Pode não ser um choque em relação a 2022, mas certamente vai afetar custos de empresas em momento de baixa econômica e conter a queda de uma inflação resistente, ao menos no curtíssimo prazo. Mais adiante, o preço vai depender também do tamanho da desaceleração de EUA e Europa, sobre o que ainda não há consenso.

No Brasil, o novo cenário pode incentivar propostas demagógicas com o intuito de conter o encarecimento dos combustíveis, entre outras iniciativas mal pensadas de impulsionar a produção de diesel e gasolina no país.

Nesta quarta-feira (5), a propósito, o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, meteu-se a pontificar sobre os preços da Petrobras —que, segundo ele, serão fixados conforme uma nova política. Após megaprejuízos sob Dilma Rousseff (PT), a estatal vem seguindo as cotações internacionais.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) dá continuidade ao assédio de Jair Bolsonaro (PL) à empresa, que acaba de trocar de comando.

Não se sabe se as declarações do ministro à Globonews têm o respaldo do presidente, que já atacou a paridade internacional. Fato é que o jogo de pressões e especulações não constitui uma forma profissional de gerir o patrimônio público.

editoriais@grupofolha.com.br

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