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O que a Folha pensa Datafolha

Fase da acomodação

Nível razoável de popularidade de Lula favorece empenho na agenda administrativa

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Ueslei Marcelino/Reuters

A política numa democracia vivaz e eficiente deveria produzir muito barulho em período eleitoral, mas pouco quando a tarefa precípua do vencedor passa a ser a de materializar promessas de campanha.

Os resultados da mais recente pesquisa Datafolha sobre popularidade do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que logo completará seis meses de mandato, propiciam certo nível de conforto para o presidente petista dedicar-se cada vez mais aos temas administrativos e menos a rompantes e bravatas.

Conforto, nestes tempos de extensa divisão ideológica da sociedade, não significa que o mandatário vá nadar num oceano de boa vontade popular, como ocorria no passado. Conseguir manter-se aprovado por mais de um terço e rejeitado por menos que outro terço torna-se um feito considerável.

Dos brasileiros em idade de votar, 37% julgam ótima ou boa a gestão de Lula, e 27% a avaliam como ruim ou péssima. Os números coletados até esta quarta (14) pelo instituto não diferem estatisticamente dos apurados no final de março.

A estabilidade do quadro que vem desde a campanha de 2022 perpassa também grandes estratos da pesquisa. Quanto mais pobre o eleitor, mais satisfeito com a gestão. Evangélicos a criticam mais que católicos. Mais da metade dos entrevistados se diz muito inclinada ao petismo (29%) ou ao bolsonarismo (25%).

De mais tranquilizador para Lula, não há sangria de popularidade a estancar. A inflação, sempre ameaçadora nesse quesito, foi freada graças à tão atacada política restritiva do Banco Central. A atividade da economia e o emprego também evoluem razoavelmente bem, depois de terem surpreendido favoravelmente em 2022.

Houve mérito do presidente, que se convenceu dos argumentos de seu ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e reduziu o potencial de estrago de ideias acalentadas por lobistas e economistas ditos heterodoxos que orbitam o PT.

O chefe do governo agora se mostra mais empenhado em enfrentar a sua maior fraqueza, que repousa na baixa adesão de parlamentares à situação no Congresso Nacional.

São sinais alvissareiros. A gestão parece ter-se convencido de que precisa abandonar a demagogia e entrar numa fase de relativa acomodação política —e de muito trabalho técnico e administrativo— para tentar fazer avançar uma agenda de propostas que favoreça o desenvolvimento do país.

Em terreno polarizado, medidas que melhorem a vida da maioria da população constituem a única fórmula da sobrevivência política.

editoriais@grupofolha.com.br

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