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Estabilidade dos juros nos EUA mostra quadro favorável à economia brasileira

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Fachada do Federal Reserve, em Washington (EUA) - Brendan McDermid/Reuters

As últimas semanas foram positivas para a economia mundial. Evidências de robustez da atividade nos Estados Unidos e na Europa, além da redução de riscos inflacionários, sugerem que os bancos centrais podem ser pacientes, mesmo que ainda não deem por encerrado o ciclo de alta de juros.

É o caso do Fed, a autoridade monetária americana, que decidiu por manter estável, entre 5% e 5,25% ao ano, o custo do dinheiro no maior centro financeiro mundial. Nas projeções da instituição, haverá desaceleração da economia até o próximo ano, mas sem recessão e com aumento do desemprego menor do que o antes esperado.

Não deixa de ser um sinal de alento que a economia esteja até aqui conseguindo absorver o necessário aperto da política monetária sem uma contração iminente, algo que era considerado improvável por boa parte dos analistas.

O Fed ainda projeta que a inflação deva permanecer acima de sua meta anual de 2% até 2025, embora num processo de convergência a partir do patamar atual de 4,4% nos 12 meses até abril.

Mesmo assim, os riscos de descontrole da inflação diminuíram diante da reversão dos choques da pandemia nas cadeias produtivas, da queda dos preços das matérias-primas e da clara desaceleração dos salários —o elemento mais importante para determinar a inflação a longo prazo.

Dada essa combinação, o comedimento do Fed faz sentido. Entretanto houve a indicação de que até duas novas altas de 0,25 ponto percentual poderão ocorrer no segundo semestre, a depender do andamento da alta dos preços.

Já é possível antever que o ciclo de subida de juros no mundo desenvolvido está próximo do fim, o que traz um alento para a economia global, como se observa pelo aumento de fluxo de capitais rumo a países emergentes.

Há riscos, por certo, em especial de novos conflitos geopolíticos que mais uma vez elevem os preços de matérias-primas, sobretudo energia. Outra fonte de incertezas é a China, cuja retomada continua a decepcionar.

As projeções para o crescimento do gigante asiático ainda estão em torno de 6% neste ano, mas os dados recentes sugerem um viés de baixa. Nas últimas semanas houve cortes nos juros, e novos estímulos devem ser adotados.

Para o Brasil, tal ambiente externo não é negativo. A combinação de juros estáveis, embora altos, nos EUA, queda do dólar e redução da inflação local abre um espaço para cortes de juros. Se houver novo impulso na China, melhor ainda.

editoriais@grupofolha.com.br

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