O Brasil, mais uma vez, foi protagonista no Campeonato Mundial de Atletismo Paralímpico de Paris, ficando atrás apenas da China. As provas começaram em 8 de julho e acabaram nesta segunda-feira (17).
Apesar de ter repetido a segunda colocação geral do último Mundial, faltou pouco para a equipe brasileira alcançar o primeiro lugar. Desta vez, a China terminou a competição com duas medalhas de ouro a mais que o Brasil, mas a equipe brasileira superou o país asiático no total de medalhas conquistadas (47 a 45).
Para se ter uma ideia da evolução do nosso atletismo paralímpico nos últimos anos, no Mundial de 2019, em Dubai, a China conquistou 11 medalhas de ouro a mais que o Brasil (20 a mais no total). Para quem acompanha o paradesporto no Brasil, a conquista não surpreende. Destaque no cenário internacional como potência paralímpica há quase duas décadas, o Brasil tem figurado entre os primeiros colocados no quadro geral de medalhas dos Jogos Paralímpicos e de competições internacionais, demonstrando avanço notável.
No entanto, ainda há desafios significativos em relação ao desenvolvimento e apoio ao paradesporto. Apesar do amplo arcabouço legislativo que destaca o dever do Estado em promover e assegurar a participação da pessoa com deficiência em atividades esportivas e de lazer, a implantação de políticas voltadas à garantia deste direito, historicamente, não desperta o interesse dos entes públicos.
Além disso, é preciso vencer a incompreensão em torno do impacto positivo que a prática paradesportiva gera em pessoas como deficiência, tantos nos aspectos físico e mental quanto na resiliência social.
Para superar os entraves que atrasam a evolução do paradesporto brasileiro, o Ministério do Esporte trabalha para democratizar o acesso a essas práticas, com o objetivo de ampliar e massificar a atividade física entre as pessoas com deficiência. O intuito das políticas públicas é permitir que o segmento se torne cada vez mais sustentável, garantindo, de forma definitiva, a consolidação do direito à cidadania plena.
O empenho, capitaneado pelo Ministério do Esporte, deve envolver um sistema transversal, com a participação de diferentes áreas e instâncias da administração pública e da sociedade civil, para promover ações conjuntas. A integração é o fator que permitirá o fortalecimento das ações de combate à inatividade física e, também, a inclusão social das pessoas com deficiência.
Para fortalecer essa articulação, a Secretaria Nacional de Paradesporto do Ministério do Esporte está dialogando com diversas entidades privadas e órgãos públicos, nacionais e internacionais. Dentre os parceiros prioritários estão o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e o Comitê Brasileiro de Clubes Paralímpicos (CBCP), entidades de fomento do paradesporto e que são beneficiárias de recursos públicos provenientes das Loterias Caixa.
À medida que o Brasil se consolida como uma potência paralímpica, é fundamental que evoluam os esforços em prol da democratização do acesso das pessoas com deficiência ao esporte, para investimentos contínuos na formação esportiva e para o aprimoramento da gestão esportiva pública e privada, a fim de consolidar o Sistema Nacional do Esporte, como previsto na Lei Geral do Esporte. Esses são fatores essenciais para manter e fortalecer essa trajetória vitoriosa do paradesporto nacional.
O próximo passo para consolidar o paradesporto no Brasil é fortalecer o apoio a modalidades paradesportivas e segmentos das pessoas com deficiência que não estão inseridos nos Jogos Paralímpicos, além de priorizar o aumento da participação de mulheres no paradesporto.
Ao fazer esse recorte institucional, o ministério está reconhecendo a riqueza e a diversidade de talentos e habilidades presentes na comunidade de atletas com deficiência, além incentivar modalidades que têm o potencial de proporcionar experiências esportivas significativas e empoderadoras.
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