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Gustavo Fernandes Ferreira

A vida renovada pela doação de órgãos

Setembro Verde é esperança para recuperamos estrutura de transplantes

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Gustavo Fernandes Ferreira

Presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e diretor do Programa de Transplante da Santa Casa de Juiz de Fora (MG)

Neste mês de setembro, o Brasil celebra uma causa que salva vidas e oferece esperança a milhares de pessoas: a doação de órgãos.

Setembro Verde é o momento em que o país volta os olhos para a importância do Programa Brasileiro de Transplante de Órgãos, um sistema que tem se destacado no cenário mundial. Somos o maior programa público de transplantes do planeta: em números absolutos, o Brasil é o sistema público que mais transplanta. Isso é motivo de orgulho, pois todo brasileiro, independentemente de cor, sexualidade, condição econômica ou fonte financiadora, possui a mesma oportunidade de transplantar.

Doação de órgãos de pessoas mortas depende de autorização da família - Andrii Zastrozhnov/Adobe Stock

Referência internacional em diversos aspectos, desde a captação até a distribuição dos órgãos. Essa conquista é fruto do trabalho de profissionais de saúde, de gestores públicos, das parcerias com organizações da sociedade civil e, principalmente, do espírito de solidariedade do povo brasileiro. Com equidade e transparência, o modelo brasileiro de alocação dos órgãos é regulado pelo SUS. A implementação da Central Nacional de Transplantes em 1997, criada pela lei 9.434/97, e a expansão da rede de hospitais capacitados para realizar transplantes, são algumas das realizações que permitiram ao Brasil alcançar esse destaque.

Apesar do sucesso, há desafios a superar. Ainda existe uma grande lacuna entre a demanda por órgãos e a oferta disponível. Hoje são mais de 60 mil brasileiros aguardando a oportunidade de seguir vivendo. É essencial continuar debatendo com a sociedade sobre a importância da doação e incentivar as famílias a dialogarem sobre o tema, tornando os desejos do doador conhecidos e respeitados. Infelizmente, o índice de recusa familiar no país encontra-se próximo a 50%: ou seja, a cada duas possíveis doações, somente uma se concretiza.

Também é crucial expandir a infraestrutura de saúde necessária à realização de transplantes em todo o país, garantindo que mais brasileiros tenham acesso a esse procedimento. Embora a lista única de transplantes seja transparente e democrática, observamos disparidades regionais quanto à estrutura das unidades transplantadoras.

Neste ano, a campanha de doação de órgãos possui um apelo especial. A pandemia de Covid-19 atingiu duramente a estrutura de transplantes, com queda de 25% do número de cirurgias. Foi uma redução considerável; por outro lado, a manutenção do sistema constituiu uma vitória, fruto do esforço desmedido dos profissionais de saúde em impedir a interrupção da atividade. Agora, temos a oportunidade de reagir para recuperar toda a estrutura de transplantes e ultrapassar, em 2023, o recorde histórico de 3.768 doações em 2019.

Neste Setembro Verde, convidamos todos os brasileiros a se unirem em apoio à doação de órgãos para que a esperança continue a florescer e para que mais vidas sejam transformadas. Juntos, podemos fazer a diferença e celebrar a nova chance de vida que a doação de órgãos representa.

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