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O que a Folha pensa Datafolha

Lula estável

Datafolha mostra aprovação razoável, mas eleitor dá sinais de que espera mais

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - Gabriela Biló/Folhapress

A avaliação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) praticamente não se alterou desde o início de seu terceiro mandato. O governo é tido como ótimo ou bom por 38% dos entrevistados pelo Datafolha, ante os 37% em junho e 38% em março. É ruim ou péssimo para 31%, pouco acima dos 27% de junho.

A estabilidade parece compreensível. Não houve alterações relevantes na vida do país, na política, na economia ou em outras áreas que pudessem modificar de forma sensível a opinião pública. Pode-se dizer, na verdade, que a mudança maior foi certa estabilização do clima político e, para o bem ou para o mal, das condições de vida.

Deixou o poder um grupo dado à estridência e a atos tresloucados, quando não golpistas. A polarização persiste na sociedade, o que ajuda a explicar a reprovação de Lula, mas o bolsonarismo se retraiu com o ocaso de seu líder.

Não houve desaceleração aguda da atividade econômica e aumento do desemprego, como se temia no início do ano, ainda que o cenário esteja longe de entusiasmar.

De mais significativo na pesquisa, caiu de 50%, em março, para 43% agora a parcela dos brasileiros aptos a votar que espera um governo Lula ótimo ou bom.

O mercado de trabalho se mantém entre estabilidade e melhora modesta. A inflação dos alimentos teve desaceleração forte. Benefícios sociais tiveram aumento importante já sob Jair Bolsonaro (PL).

O líder petista terminou seu segundo mandato, em 2010, com aprovação de 77%, e a diferença em relação a sua popularidade atual pode parecer chocante. Mas talvez não seja preciso lembrar que, naquele ano, o país vivia seu melhor momento de crescimento da renda em três décadas.

Não havia, ademais, a divisão política extremada destes tempos. Conforme o Datafolha, têm avaliação favorável da gestão de Lula 72% de seus eleitores. Já entre os que declaram ter votado em Bolsonaro no ano passado, ínfimos 6% dão boa nota à administração.

De todo modo, cumpre recordar que, no início de seu primeiro governo, em 2003, Lula colhia uma aprovação modesta, em torno de 43% —com queda para 39% no ano seguinte. Seu prestígio começou a decolar apenas em 2006.

Diga-se em favor do petista que os números, embora não grandiosos, são melhores que os de Bolsonaro após nove meses de sua posse. Nesse período, o antecessor marcava 29% de ótimo e bom.

Dadas a ainda difícil situação socioeconômica, as profundas divisões políticas e a duração ainda exígua do governo, o resultado da pesquisa pode ser considerado satisfatório para Lula. O cidadão, entretanto, dá indícios de que espera mais de seu terceiro mandato.

editoriais@grupofolha.com.br

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