Datafolha: Lula tem aprovação estável de 38%, e reprovação sobe para 31%

Expectativa negativa acerca do futuro do governo do petista sobe de 21% para 28%, segundo pesquisa desta semana

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São Paulo

Passados oito meses de seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) tem sua aprovação estável, mas viu a reprovação subir. Consideram o petista bom ou ótimo 38%, enquanto 30% o acham regular e 31%, ruim ou péssimo.

O dado foi aferido pela mais recente pesquisa acerca do governo Lula 3 feita pelo Datafolha, que havia tomado o mesmo pulso nos primeiros três e cinco meses de gestão. Foram ouvidas 2.016 pessoas em 139 cidades na terça (12) e quarta (13). A margem de erro é de dois pontos, para mais ou menos.

Não souberam opinar 2% dos ouvidos. O único índice que oscilou acima da margem de erro em relação ao levantamento de junho passado, levando em conta que números iguais nos limites superior e inferior delas não configuram empate, foi a reprovação, que era então de 27%.

Não se trata, portanto, de uma disparada da reprovação.

Lula durante lançamento de programa de energia sustentável, nesta quinta (14) no Planalto
Lula durante lançamento de programa de energia sustentável, nesta quinta (14) no Planalto - Evaristo Sá/AFP

A notícia positiva mais evidente para o presidente é uma certa manutenção do quadro, apesar de instabilidades políticas, como a longa discussão acerca da ampliação do espaço do centrão, esteio do antecessor Jair Bolsonaro (PL). Após idas e vindas, Lula cedeu ministérios para o grupo conservador, mesmo sem ter certeza de que isso se reverterá em apoio congressual.

O incômodo em sua base política pelo descarte sumário da ministra Ana Moser (Esporte), por exemplo, não é perceptível no conjunto da população. É possível argumentar que o noticiário extremamente negativo sobre seu antípoda, Bolsonaro, possa manter a chama da polarização acesa, evitando assim grandes mudanças pendulares no eleitorado.

Outro tema de relativa constância são os principais termômetros da economia quando o assunto é popularidade de governantes, inflação e desemprego, que seguem rota controlada. São assuntos bem mais concretos do que alta do Produto Interno Bruto, boa notícia algo etérea para a percepção popular.

A estratificação da avaliação do petista segue a mesma também, com suas melhores taxas de aprovação entre os sempre fiéis nordestinos (49%, entre 26% da amostra populacional do Datafolha), menos instruídos (53%, 28% dos ouvidos) e mais pobres (43%, 51% dos entrevistados).

Repetindo alguns mantras da polarização, Lula é mais rejeitado na região Sul (39%, 14% do eleitorado), mais escolarizados (39%, 22% da amostra), numa classe média mais abastada (44% entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos, 8% dos ouvidos) e entre evangélicos (41% no grupo, que soma 28% da população) —o petista ensaiou um flerte com esses últimos, mais associados ao bolsonarismo e mais ativos politicamente, sem sucesso.

Um segmento chama a atenção, o dos jovens de 16 a 24 anos, que compõem 17% da amostra. Acham Lula regular 43% dos ouvidos, com taxas inferiores de rejeição (23%) e de aprovação (31%). Em avaliação de governantes, parte do regular pende para o negativo, apesar de a propaganda do Planalto divulgar o dado somado ao daqueles que acham o presidente ótimo ou bom.

Sob o ângulo mais negativo da pesquisa para o petista, além do aumento da reprovação, há a confirmação do desgaste que trouxe sua volta ao poder, em uma eleição ganha por 1,8 ponto percentual contra Bolsonaro no segundo turno em 2022.

Lula tem a maior reprovação entre governantes eleitos para um primeiro termo a essa altura do mandato, salvo a de Bolsonaro —numa diferença ante as duas rodadas anteriores, o petista se descolou no quesito do antecessor.

Em 1995, por exemplo, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tinha só 15% de reprovação neste ponto do governo. Lula 1, em 2003, só 10%, enquanto Dilma Rousseff (PT) marcava 11% em 2010. Já Bolsonaro era reprovado por 38% dos eleitores em 2019, inaugurando uma mudança de padrão que pode ser atribuída à turbulência radicalizada de seu governo.

Outro dado ruim para Lula na atual pesquisa é a expectativa acerca de seu governo. Acham que ele será ótimo ou bom no futuro 43%, ante 50% que achavam isso em março.

Os que preveem uma gestão regular seguem estáveis (26% a 27%), mas aqueles que acreditam na piora, com Lula sendo ruim ou péssimo, subiram de 21% para 28%. Com os dados atuais, o petista se iguala aos níveis de Bolsonaro na mesma altura do mandato.

Já a avaliação sobre seu desempenho seguiu a estabilidade geral do levantamento. Acham que Lula fez mais do que se esperava 17% (eram 18% em março). Já creem que o petista fez menos do que o previsto 53% (51% antes), enquanto os mesmos 25% da rodada anterior creem que ele cumpriu as expectativas.

São dados um pouco melhores do que os registrados por Bolsonaro no mesmo momento do relógio que marca o mandato: 11%, 62% e 21%, respectivamente.

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