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Privatize-se

Greve política em SP reforça motivos para vender estatais sob regulação eficaz

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Estação de metrô Corinthians/Itaquera, na zona leste de São Paulo - Bruno Santos/Folhapress

A greve desta terça (3) nos trens de Metrô e CPTM, que circulam sobretudo na capital paulista, e na Sabesp teve a motivação apenas política de opor-se a planos do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de privatizar as empresas.

Assim como ocorrido em março, quando o metrô não circulou por 34 horas em ato por reivindicação salarial, o ir e vir na capital foi drasticamente prejudicado: ônibus apinhados, engarrafamentos, longas e caras esperas por carros de aplicativo, ausências no trabalho e suspensão de aulas.

Os grevistas descumpriram a determinação judicial que exigia 100% do contingente trabalhando no horário de pico e 80% nos demais períodos. O Estado democrático de Direito implica obediência a decisões da Justiça não só quando elas oneram adversários políticos.

São Paulo já convive com gestões privadas no transporte público. São 2 das 6 linhas do Metrô e 2 dos 7 ramais de trens da CPTM.

Se a intenção dos grevistas era chamar a atenção da população para eventual piora dos serviços com as privatizações, o efeito tende a ser o oposto. As quatro linhas administradas pelo mesmo grupo empresarial privado não aderiram ao movimento paredista, assim como em manifestações anteriores.

Ao contrário do que ocorre no metrô, os ramais concedidos da CPTM enfrentam falhas desde que deixaram o comando estatal, e mais uma vez um deles parou por problema técnico nesta terça. Era deficiente o cardápio de exigências na concessão, o que precisa ser consertado depressa.

O que interessa num serviço público é ele atender aos cidadãos de modo eficiente, universal e ao menor custo possível. O setor público brasileiro deu reiteradas mostras de inaptidão para essa tarefa, por exemplo na vergonhosa cobertura do saneamento que companhias estatais legaram ao país

Clientelismo, aparelhamento político, inchaço salarial, aversão à inovação, ojeriza à otimização de custos e corporativismo são algumas das chagas que explicam esse fracasso histórico. As empresas controladas pelo governo paulista ora alvo da greve não estão imunes a esses e outros vícios.

Por isso a privatização de Sabesp, Metrô e CPTM é um caminho promissor para elevar o nível de serviços aos cidadãos a que essas companhias servem, num regime tarifário justo e acessível.

Resta saber se a gestão Tarcísio estará à altura do desafio de apresentar modelagem eficiente, capaz de convencer com argumentos técnicos das vantagens econômicas e sociais da privatização.

editoriais@grupofolha.com.br

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