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O que a Folha pensa inflação

Aperto prolongado

Fed indica que juro cairá menos em 2024, o que amplia incertezas no mundo e aqui

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Sede do Federal Reserve em Washington - Sarah Silbiger/Reuters

Tal como se observa no Brasil, a economia americana vem mostrando dinamismo acima do esperado, desafiando prognósticos de desaceleração ou recessão mesmo diante do aumento acentuado dos juros desde o ano passado.

De fato, até agora não houve recaída recessiva nos EUA —o Produto Interno Bruto deve crescer 2,1% neste ano e 1,5% em 2024 , segundo as projeções mais recentes do Fed, o banco central do país.

Considerando também a desaceleração projetada da inflação para 2,5% e 2,2% nos próximos dois anos, estaria configurado o chamado pouso suave da economia almejado pela autoridade monetária.

Confiantes no sucesso de sua estratégia, o Fed decidiu manter a taxa básica de juros entre 5,25% e 5,5% anuais, mas sinalizou a possibilidade de mais uma alta de 0,25 ponto percentual até o final do ano. Além disso, o comitê apontou cortes menores em 2024 —apenas 0,5 em vez de 1 ponto percentual.

A estratégia de manter os juros altos por mais tempo do que se supunha antes é coerente com seus cenários, mas a confiança crescente do Fed de que conseguirá garantir o controle da carestia sem uma recessão pode ao final se mostrar excessiva e elevar o risco de eventos mais negativos adiante.

Conforme o avanço dos preços perde ritmo, o afrouxamento menor na prática significa que os juros reais poderão até subir mais nos próximos meses. Há defasagens e incertezas sobre o impacto do aperto já realizado.

Os juros estão ligados também ao déficit público em alta. Neste ano o rombo nas contas do governo dos EUA deve dobrar para US$ 2 trilhões. Credores demandam taxas mais altas, e preocupações com a saúde orçamentária no longo prazo já levaram a um rebaixamento da nota de risco do país.

A reação dos investidores à informação da menor disposição do Fed a cortar juros foi imediata e forte, com valorização adicional do dólar diante das moedas globais, queda das Bolsas de Valores e disparada dos juros de longo prazo.

Outros fatores também contribuem para elevar os riscos oriundos do quadro externo. A alta das cotações do barril de petróleo para perto de US$ 100 e o foco dos investidores nos problemas da economia chinesa sugerem um quadro global de dificuldades.

Também no Brasil houve desvalorização do real e aperto nos juros de longo prazo. Antevia-se espaço para que a taxa Selic caísse dos 12,75% atuais para 9% ao ano; agora, as apostas subiram para 10%.

editoriais@grupofolha.com.br

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