Descrição de chapéu
O que a Folha pensa guerra israel-hamas

Bibi sob pressão

Ações de Israel em Gaza aumentam questionamentos sobre o primeiro-ministro

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Binyamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel - Abir Sultan/POOL/AFP

Quando o escopo do ataque maciço promovido pelos terroristas do Hamas palestino contra Israel se fez claro, já no dia 7 de outubro, o premiê Binyamin Netanyahu se viu em apuros.

Bibi, como é conhecido, já comandava uma sociedade dividida, com protestos semanais contra o assalto institucional por ele promovido ao sistema judiciário do país.

Por óbvio, o impacto brutal concedeu a Bibi um crédito extraordinário, e não apenas na frente doméstica. Mesmo países refratários às políticas discriminatórias de Israel contra os palestinos foram quase unânimes na solidariedade.

Isso dito, como a história israelense prova no destino imediato dado à hoje heroína Golda Meir, por não ter antecipado a Guerra do Yom Kippur há 50 anos, Bibi sabe que as falhas que levaram ao 7 de outubro lhe serão debitadas.

Optou, pois, pelo discurso de união nacional. "Agora é hora de guerra", repete, deixando a apuração que ele admite o envolver para depois. Formou um gabinete de crise mais diverso do que sua coalizão usual, cuja base é a direita religiosa, mas segue em dificuldade.

No fim de semana, cometeu um erro juvenil, ao culpar cúpulas militar e de inteligência pela crise.

Atacado até por aliados, apagou a mensagem em rede social e se retratou. A evolução da operação militar contra o Hamas, que entrou em uma fase terrestre arriscada e decisiva, tensiona ainda mais o governo do primeiro-ministro.

À sua direita, radicais religiosos pedem a obliteração de Gaza, comandado desde 2007 pelos extremistas. Já moderados apontam a falta de um plano racional sobre o que fazer com o local e seus 2,3 milhões de habitantes, mesmo que o objetivo ambicioso e duvidoso de destruir o Hamas seja alcançado.

A isso se soma uma deterioração no cenário externo, à medida que as imagens do horror do dia 7 são substituídas na mídia pelo calvário diário de civis palestinos.

Israel vê o inaudito apoio externo ser temperado por dúvidas acerca da proporcionalidade de sua reação militar, como os relatos incessantes que a imprensa americana traz dos altos escalões de Washington, para não falar de críticas diretas de aliados e das Nações Unidas.

Na segunda (30), Bibi rejeitou renunciar e disse que "pedir um cessar-fogo é pedir para Israel se render ao Hamas". Palavras duras para os públicos interno e externo, mas que traem a fraqueza de um político sob intenso escrutínio.

editoriais@grupofolha.com.br

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.