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O que a Folha pensa inflação

Vaivém da pobreza

Melhora se deu com mais PIB, inflação menor e ação social, a serem mantidos

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Palafitas no bairro Vila da Barca, em Belém (PA) - Lalo de Almeida/Folhapress

A parcela de brasileiros em situação de pobreza caiu no ano passado, conforme divulgou nesta quarta-feira (6) o IBGE. A melhora era previsível, embora o debate em torno do tema tenha sido tumultuado pelas disputas de ano eleitoral.

Conforme os novos parâmetros recomendados pelo Banco Mundial (renda domiciliar per capita abaixo de R$ 637 mensais), os brasileiros pobres passaram de 36,7% da população, em 2021, para ainda exorbitantes 31,6%. Já a taxa de extrema pobreza (menos de R$ 200 por mês) caiu de 9% para 5,9%.

Em que pesem as cifras vexatórias, trata-se de recuos relevantes. Para eles concorreram ao menos três fatores essenciais: crescimento da economia e do emprego, controle da inflação e ação assistencial do poder público —uma tríade que precisa ser mantida para a superação contínua e duradoura das piores mazelas sociais.

A expansão do Produto Interno Bruto no ano passado superou as expectativas e chegou a 2,9%. Melhor ainda, a taxa de desemprego recuou de 11,1% para 7,9%. A inflação, que havia disparado globalmente na recuperação do impacto da pandemia e chegara a 10,06% em 2021, baixou para 5,79%.

Por fim, a ampliação do Bolsa Família sob o nome de Auxílio Brasil, ainda que motivada pela ofensiva eleitoreira de Jair Bolsonaro (PL), não poderia deixar de ter efeito significativo na redução da pobreza e, sobretudo, da miséria —segundo o IBGE, esta teria atingido 10,6% sem os programas sociais.

Se 2022 foi positivo, o panorama é desalentador quando se observa a evolução em uma década calculada pelo instituto. Por ela se observa que o Brasil, entre idas e vindas, pouco avançou desde 2012, quando contava 34,7% na pobreza.

A taxa chegou a cair a 30,8% em 2014, mas a trajetória não se mostrou sustentável. A combinação de recessão profunda e alta da inflação, resultante do desarranjo econômico e orçamentário promovido por Dilma Rousseff (PT), elevou o percentual a 33,7% em 2016.

Seguiram-se anos de baixo crescimento do PIB e lenta melhora social, até que o auxílio emergencial criado na crise sanitária provocou queda surpreendente da cifra para 31% em 2020. A retirada abrupta do benefício produziu o pico do indicador no ano seguinte.

Tudo considerado, percebe-se que doravante o combate à pobreza não poderá se basear em mais incremento da ação assistencial —mas o Bolsa Família, com recursos recordes, pode ser aperfeiçoado para se tornar mais eficiente.

A distribuição de renda precisa ser combinada com vigor econômico e geração de mais e melhores empregos, que dependem da preservação do poder de compra e do equilíbrio das contas do governo.

editoriais@grupofolha.com.br

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