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Estabilidade vexatória

Ante 2018, notas do Brasil no Pisa caem pouco, mas continuam muito baixas

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Alunos durante a aula em escola de Barueri (SP) - Danilo Verpa/Folhapress

A edição de 2022 do Pisa comprova que a pandemia de Covid-19 causou impacto na educação mundial.

O teste, que avaliou o aprendizado de 690 mil estudantes de 15 anos em 81 países e regiões, mostrou que a nota média dos membros da OCDE, que reúne nações mais desenvolvidas, caiu acentuadamente em 2 das 3 disciplinas avaliadas, ante a prova de 2018 —15 pontos em matemática e 10 em leitura, mas somente 2 em ciências.

O Brasil, um dos países que passaram mais tempo com escolas fechadas, teve quedas pouco relevantes (5, 3 e 1, respectivamente.

Contudo não há motivo para celebração. O que se apresenta é uma consistência no mau desempenho. As notas médias dos brasileiros nas disciplinas (379, 410 e 403) não chegam perto das da OCDE (472, 476, 485). O fracasso fica ainda mais patente quando são comparados os resultados por faixa de renda.

A média em matemática dos alunos mais ricos da OCDE foi de 525, ante 425 dos brasileiros no mesmo estrato; já os mais pobres da entidade obtiveram 431, enquanto os nossos marcaram 348. Ou seja, os abonados daqui nem sequer alcançam o desempenho daqueles mais carentes em países desenvolvidos.

Para piorar, 73% dos brasileiros ficaram abaixo do nível mínimo de proficiência esperado em matemática e 50% em leitura, ante 31% e 26% da OCDE. Isso significa que nossos alunos não conseguem usar conceitos básicos ara resolver problemas numéricos do cotidiano ou interpretar textos simples.

Em matemática, passamos da 71ª colocação em 2018 para a 65ª, mas ainda somos superados por latino-americanos como Peru, Colômbia, Chile, Uruguai e Costa Rica.

O aporte de recursos públicos em educação em relação aos serviços totais do Estado no Brasil é alto, de 11%, um pouco acima do medido na OCDE (10%). No entanto gasta-se muito por aluno no ensino superior (US$ 14.735, similar aos US$ 14.839 da OCDE) e pouco na educação básica (US$ 3.583, ante US$ 10.949 na OCDE).

O que as nações com melhores resultados no Pisa mostram é a importância de investir na formação e qualificação de professores, principalmente em áreas sensíveis como a matemática, e na educação na primeira infância.

Com a transformação demográfica e o envelhecimento da população, a necessidade de mais recursos públicos para o ensino tende a cair. O mais importante se torna mirar gestão e qualidade.

editoriais@grupofolha.com.br

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