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Xexéu Tripoli

As corridas de cavalo devem ser proibidas em São Paulo? SIM

Cavalos são seres sencientes, capazes de sentir e vivenciar sentimentos

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Xexéu Tripoli

Vereador (PSDB), vice-presidente da Câmara, é autor do projeto que prevê a proibição das corridas de cavalo na cidade de São Paulo

Corridas de cavalos têm sido palco de preocupações persistentes relacionadas ao bem-estar animal. Entre os problemas mais alarmantes está o registro de fraturas graves, resultando em eutanásias nas próprias pistas. A cena é devastadora. Lesões locomotoras, como danos a tendões, ligamentos, fissuras ósseas e problemas musculares, também são ocorrências comuns e preocupantes.

Apenas na temporada de 2023, na mais famosa corrida de cavalo do planeta, o Kentucky Derbi, nos EUA, 12 cavalos foram sacrificados depois de sofrerem fraturas ou lesões.

A medicina veterinária já identificou também que o aumento da pressão e rompimento capilar devido ao esforço extremo é a causa da hemorragia pulmonar induzida pelo exercício (HPIE) em mais da metade dos cavalos participantes. Isso mesmo: mais de 50% dos animais sofrem sérias consequências. Para mitigar esse problema, alguns treinadores utilizam furosemida, um diurético para reduzir o sangramento, que em muitos lugares é considerado doping.

Vamos agora para além das lesões físicas.

Cavalos são seres sencientes, capazes de sentir e vivenciar sentimentos como dor, angustia, solidão, amor, alegria, raiva... como você e eu. E o alojamento dos cavalos afeta negativamente seu bem-estar.

Esses animais, naturalmente sociais, são frequentemente mantidos em isolamento, levando ao desenvolvimento de estereotipias —aqueles comportamentos repetitivos e sem propósito aparente—, como uma forma de lidar com o estresse. Esse foi um dos grandes argumentos para que a Lei do Zoo, de minha autoria, fosse aprovada, em 2020.

Essa lei, que proíbe a abertura de novos zoológicos e aquários, contou com apoio de petição com cerca de 170 mil assinaturas. Uma demanda muito clara da sociedade, mostrando que não admite mais sofrimento animal para entretenimento humano. No mesmo ano, a Lei Sansão aumentou a pena para maus-tratos de cães e gatos para até cinco anos.

Podemos citar ainda outros exemplos do cenário legislativo que refletem avanços na proteção dos animais, como a proibição da corrida de galgos.

A prática foi proibida em alguns estados, como no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro, em 2021, devido a abusos físicos e psicológicos aos cães. Há um projeto de lei federal que busca proibir corridas de galgos no país todo. Mais antiga, a proibição do uso de animais em circos na cidade de São Paulo é lei desde 2005. E as violentas rinhas de galo são ilegais no país há mais de seis décadas.

Corrida de cachorros na Suíça - Andy Mueller/Reuters

Para quem admira a real prática de esportes, como eu, há mais uma informação a considerar: a partir dos Jogos Olímpicos de 2028, a equitação não fará mais parte do pentatlo moderno. A decisão foi tomada depois que uma técnica agrediu o cavalo que se recusou a pular um obstáculo nos Jogos de Tóquio.

O espírito esportivo pode ser traduzido como fair play, ou jogo limpo, e refere-se a um conjunto de princípios éticos que envolve o respeito, a integridade e a equidade nas competições esportivas.

No contexto das corridas de cavalos, devido aos impactos negativos no bem-estar dos animais, a ideia de fair play é questionável e até mesmo inexistente. Animais não são atletas por opção. Ainda mais quando adicionamos apostas e lucro nessa equação.

A propósito: a tecnologia está aí, trazendo oportunidades, novidades e gerando milhões de empregos, inclusive na indústria do entretenimento. Coloco minhas fichas na crença de que é possível viver e se divertir sem causar sofrimento a nenhum animal.

Bem-vindos ao século 21.

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