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O que a Folha pensa PIB

Balança recorde

Superávit histórico ajuda o país; governo deveria conter pendores protecionistas

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Navio é carregado com contêineres no porto de Santos (SP) - Nelson Almeida/AFP

Há boas e más notícias no impressionante saldo comercial de US$ 98,8 bilhões registrado pelo Brasil em 2023. Os aspectos positivos decerto superam os negativos, mas não por margem tão larga quanto a das exportações sobre as importações.

Superávits comerciais não são necessariamente sinais de pujança econômica. Países bem-sucedidos têm déficits em suas balanças —e o exemplo mais notório é o dos Estados Unidos. A análise do indicador depende de sua composição e das circunstâncias.

No Brasil de hoje, o resultado é bem-vindo devido ao ingresso expressivo de divisas, que contribuiu para a queda da cotação do dólar e da inflação, e ao bom desempenho das exportações, sobretudo de produtos primários.

Mesmo com queda de 6,3% nos preços dos produtos vendidos, segundo dados do governo, o volume embarcado teve alta de 8,7%. Em termos nominais, as exportações e o superávit bateram recordes, mas o país já registrou cifras maiores como proporção do Produto Interno Bruto, ou seja, considerando o tamanho da economia.

Os setores agropecuário e extrativo (petróleo e minério de ferro, principalmente) responderam pelo aumento dos embarques, com altas de de 9% e 3,5%, respectivamente. O Brasil, como se sabe, é competitivo nessas commodities, mas os números anuais variam muito de acordo com as flutuações do mercado global.

Já a indústria de transformação, que trabalha com produtos de maior valor agregado, sofreu queda de 2,3% e teve sua participação no total exportado reduzida a 52,2%.

O mais problemático no saldo comercial do ano passado, entretanto, é que o recorde se deveu muito mais à queda das importações, de 11,7%, do que à alta das exportações, de apenas 1,7%. Menos compras do exterior costumam ser sinais de enfraquecimento da demanda doméstica, seja das famílias ou das empresas.

No caso brasileiro, houve alarmante queda dos investimentos nacionais, que recuaram de já insatisfatórios 18,3% do PIB para 16,6% entre os terceiros trimestres de 2022 e 2023 —especialistas apontam que o país deve almejar uma taxa de ao menos 25% para um crescimento sustentável.

Parcela importante dessa rubrica são aquisições, por parte de empresas, de máquinas e equipamentos destinados à ampliação da capacidade produtiva.

Países devem buscar a ampliação do comércio exterior em todas as frentes, como meio de obter eficiência econômica e bem-estar social. O governo petista acertará se deixar de lado seus pendores protecionistas e não promover retrocessos na precária abertura do Brasil ao restante do mundo.

editoriais@grupofolha.com.br

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