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Diplomados de baixa renda

Cresce no Bolsa Família fatia de formados no ensino superior, que tem distorções

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Encontro de alunos de ensino a distância do curso de pedagogia de faculdade particular em São Paulo (SP) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A conclusão do ensino superior está relacionada ao aumento da renda pessoal, mas a mera posse de um diploma tem sido menos garantia de emprego ou bons salários.

Segundo estudo do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social, com dados do IBGE, 3,6% dos brasileiros entre 18 e 65 anos em moradias que se enquadram no cadastro de famílias pobres (1,6 milhão de pessoas) tinham curso superior em 2022 —expressiva alta de 1,5 ponto percentual ante 2016.

O cadastro é necessário para obter assistência social de programas como o Bolsa Família. Das pessoas da mesma faixa etária que disseram ter recebido esse benefício, 256 mil (2,1%) concluíram uma faculdade, ante 84 mil (0,9%) em 2016.

A pandemia provavelmente contribuiu para a alta, mas de todo modo os números reforçam tendência já apontada em pesquisas amostrais de queda da renda dos mais escolarizados nos últimos anos.

Como de costume no país, há grande desigualdade no ensino superior brasileiro —neste caso, acentuada pelo Estado.

As universidades públicas e gratuitas, que têm gasto por aluno comparável aos de países desenvolvidos (US$ 14.735, ante US$ 14.839 na OCDE), atendem pouco mais de 2 milhões de alunos, enquanto outros cerca de 7,3 milhões recorrem à rede privada, de qualidade sabidamente inferior.

Um fenômeno recente e preocupante, aliás, é a explosão das matrículas na educação a distância.

Enquanto isso, alternativas como o ensino técnico não recebem a devida atenção. Relatório de 2022 da OCDE mostra que só 8% dos brasileiros no nível médio cursam essa modalidade; na média dos países da entidade, são 44%. Estamos bem abaixo até de vizinhos como Chile (29%) e Colômbia (24%).

Cumpre, nesse sentido, ofertar mais cursos em compasso com as necessidades do mercado e avançar na reforma do ensino médio, que valoriza a formação técnica.

Já no ensino superior, é necessário diversificar o financiamento das universidades públicas, buscando aportes dos beneficiários de renda mais elevada, e tornar mais efetivo o sistema de avaliação dos cursos a cargo do MEC.

editoriais@grupofolha.com.br

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