Mesmo longe da Casa Branca, Donald Trump ainda causa estragos à política americana. Suas bravatas, baseadas em nacionalismo populista e antiglobalismo, vêm tumultuando a aprovação no Legislativo de um pacote de ajuda internacional no valor de US$ 95,3 bilhões.
Este montante seria destinado a dois países em guerra (US$ 61 bilhões para Ucrânia e US$ 14 bilhões para Israel), a parceiros que enfrentam pressões chinesas, como Taiwan (US$ 4,8 bilhões), e para assistência humanitária a civis da Faixa de Gaza e de outras áreas de conflito (US$ 9,15 bilhões).
O pacote é importante para o papel de liderança que os EUA exercem no Ocidente. Uma eventual vitória de Moscou sobre Kiev colocaria a segurança da Europa em risco, com enorme pressão sobre a Otan, a aliança militar regional.
No intuito de aplacar as resistências de republicanos, o presidente Joe Biden incluiu no plano a assistência a Israel e Taiwan; já para convencer democratas a destinarem recursos para o Estado judeu, foi colocada a ajuda aos palestinos.
Na terça (13), o pacote foi aprovado no Senado com 22 votos de republicanos, num placar de 70 a 29.
Mas o texto ainda precisa passar pela Câmara, onde a influência de Trump é bem maior e as disputas são mais acirradas —Mike Johnson, presidente republicano da Casa legislativa, já indicou que não pretende levar a proposta a votação.
Deputados alinhados a Trump insistem em vincular o auxílio externo à aprovação de medidas draconianas contra a imigração no sul dos EUA, tema da direita reacionária que dispõe de algum apoio popular. Daí o insistente discurso do ex-presidente, que tenta a reeleição, contra a entrada de mexicanos e outros no país.
Soma-se a isso sua tresloucada fala em que justificaria um eventual ataque do autocrata russo, Vladmir Putin, a nações da Otan que não destinassem pelo menos 2% do PIB à aliança militar.
Trump, como de praxe, apela ao voluntarismo e à ideologia rasteira para fins eleitoreiros. O problema, no contexto geopolítico conturbado e armamentista atual, é colocar em risco a segurança global e as democracias do Ocidente.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.