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Israel se isola

Tragédia da guerra em Gaza faz até EUA deixarem de apoiar o Estado judeu na ONU

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Membros do Conselho de Segurança da ONU votam resolução que determina cessar-fogo em Gaza - Andrew Kelly -25.mar.24/Reuters

Quando o grupo palestino Hamas lançou o mais devastador ataque terrorista da história de Israel, em 7 de outubro, boa parte do mundo cerrou fileiras com o Estado judeu.

O motivo era justo: mais de 1.200 pessoas mortas das formas mais brutais possíveis, outras estupradas e sequestradas geraram simpatia a uma nação acostumada a ser admoestada pelo tratamento que dispensa às populações palestinas sob seu jugo.

Mesmo países críticos a Tel Aviv, como diversos da Europa, se uniram no apoio ao direito de retaliação israelense. Para o cambaleante governo radical de Binyamin Netanyahu, foi oportunidade áurea para buscar a sobrevivência política.

Só que o premiê apegou-se à guerra, deixando no caminho 32 mil cadáveres recolhidos na Faixa de Gaza —mais a desordem no comércio no mar Vermelho pela retaliação dos houthis do Iêmen em apoio ao Hamas e o risco de um conflito maior, envolvendo o Irã.

O apoio a Israel esmaeceu, com a notável exceção de seu real fiador, os Estados Unidos. Mas a pressão do eleitorado americano, que vai às urnas em novembro, acabou por colocar os rivais Joe Biden e Donald Trump numa mesma posição: Netanyahu precisa parar.

Após iniciar o envio de magra ajuda humanitária a Gaza, o presidente democrata disparou uma salva diplomática inédita ao abster-se de votar na resolução do Conselho de Segurança da ONU que enfim pediu um cessar-fogo e a libertação dos reféns, sem contudo condicionar uma coisa à outra.

Abster-se equivale a condenar Israel na medida, abraçada pelos outros 14 membros do conselho. Foi a sexta resolução debatida sobre o tema —3 foram barradas pelos americanos, 2 por Rússia e China.

Ato contínuo, Netanyahu criticou Biden e cancelou o envio de uma delegação aos EUA, selando um isolamento mundial. Mas o premiê —que, se enfrentasse eleição, estaria fora do cargo, segundo pesquisas— ainda tem apoio interno à guerra em si. O país quer reaver os 134 reféns que estão com o Hamas.

Assim, como todas as resoluções do tipo, a atual ruma para a lixeira da "realpolitik". Quando Netanyahu se dará por satisfeito é incerto.

editoriais@grupofolha.com.br

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