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O que a Folha pensa Dengue

Dengue mortífera

Doença bate recorde no Brasil e na América do Sul; deve-se mitigar próxima crise

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Pacientes com dengue são atendidos no Hospital Municipal Raphael de Paula Souza, no Rio de Janeiro (RJ) - Mauro Pimentel/AFP

Nas 13 primeiras semanas de 2024, o número de mortes por dengue no Brasil quebrou o recorde da série histórica iniciada em 2000. De 1º de janeiro a 8 de abril, a doença ceifou 1.116 vidas, ante 1.094 em todo o ano passado. Os casos prováveis chegaram a 2,96 milhões —1,66 milhão em 2023.

Parte da crise sanitária se deve à inação do governo federal, embora as responsabilidades se estendam aos estados e municípios.

As mudanças climáticas intensificadas pelo fenômeno El Niño contribuíram para a calamidade —como a Organização Mundial da Saúde projetou em dois alertas desde o início do ano passado. Mas o Ministério da Saúde pouco fez para se preparar para o problema.

Poderia ter agilizado a burocracia para distribuição da vacina Qdenga pelo SUS ainda em 2023, já que são necessárias duas doses num intervalo de três meses, assim como criado ampla campanha informativa; deveria ter alocado mais recursos para as redes de saúde.

Também era premente uma atenção especial às populações de Sul e Sudeste que, por historicamente terem tido menos contato com os quatro sorotipos do vírus ao longo dos anos devido ao clima mais temperado, estariam mais vulneráveis.

Entre os 10 estados com maior coeficiente de incidência (casos por 100 mil habitantes), 6 são de Sul e Sudeste, 2 do Centro-Oeste, e os outros 2 de Norte e Nordeste.

O flagelo também atinge nossos vizinhos. A OMS declarou que, neste ano, a epidemia de dengue na América do Sul será a pior da história, e o Brasil puxa as estatísticas.

Até 26 de março, foram registrados 3,5 milhões de casos —1 milhão a mais do que todo o ano 2023.
Com 92% dos casos e 87% das mortes, Brasil, Paraguai e Argentina estão em pior situação. Nesta última, entre dezembro e março, foram 233 mil pessoas contaminadas e 161 óbitos Os números, históricos, são 9 vezes o verificado no mesmo período em 2019 e 2020.

A contaminação tende a arrefecer a partir de maio, mas recomeçará no próximo verão. Considerando que, até lá, o mundo ainda estará sob os efeitos das mudanças climáticas, os três níveis de governo precisam estar preparados.

Não se pode mais culpar a natureza quando a falha é de gestão.

editoriais@grupofolha.com.br

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