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O batalhão de Derrite

Capitão da PM, secretário da Segurança infla pasta com assessores da corporação

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Guilherme Derrite (PL-SP), secretário de Segurança, participa de evento em batalhão da Rota, em São Paulo (SP) - Zanone Fraissat - 16.out.23/Folhapress

Se o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) acerta quando se afasta do radicalismo e da intolerância de seu padrinho político, Jair Bolsonaro (PL), os piores momentos de sua gestão ocorrem quando e onde ainda se pretende mostrar fidelidade ao bolsonarismo. A segurança pública paulista é o exemplo mais evidente.

O secretário da área, Guilherme Derrite (PL), é um capitão reservista da Polícia Militar que tem patrocinado operações mortíferas, criticado a adoção de câmeras nas fardas dos agentes e abraçado outras pautas corporativistas da PM.

Para além das teses reacionárias, Derrite reuniu em torno de si um número exorbitante de assessores policiais militares, o que aponta para um aparelhamento da pasta. Como a Folha noticiou, são nada menos que 241, segundo o dado mais recente, de novembro de 2023.

Para uma ideia do despropósito, 588 dos 645 municípios do estado (o equivalente a 91%) contam com menos agentes da corporação do que a secretaria de Derrite.

Previstas em lei, Assessorias Policial-Militares são responsáveis por manter a segurança de políticos, autoridades e prédios públicos. Hoje, 13 órgãos têm esse serviço. O efetivo fixado para funções de assessor policial na Secretaria de Segurança é de 174 profissionais. Os oficiais recebem adicional de R$ 7.000 no salário.

Enquanto aumenta o número de policiais que prestam segurança a autoridades e realizam funções burocráticas, diminui o daqueles que estão na ponta da ação ostensiva.

Houve redução de quadros da PM em praticamente todas as regiões do estado, como a Baixada Santista, que vive uma crise de segurança.

Entre julho do ano passado e 1º de abril, as operações Escudo e Verão nessa região resultaram em mais de 80 mortes —a segunda é a ação mais letal da PM desde o massacre do Carandiru, em 1992.

Urge que o governo reveja o efetivo das assessorias policiais. A alocação irracional, por motivos ideológicos ou corporativistas, eleva o risco para agentes que estão na linha de frente do combate ao crime.

O serviço deve ser usado com sensatez, para não prejudicar o atendimento à população.

editoriais@grupofolha.com.br

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