Leitores da Folha contam suas memórias favoritas de Carnaval

Folia antes da Covid-19 é lembrada com saudades

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Guaratinguetá (SP)

Existe o ditado popular que diz que o ano no Brasil só começa depois do Carnaval. Isso explicaria a sensação de estarmos todos em um eterno março de 2020 devido ao isolamento imposto pela quarentena de prevenção do Covid-19 e ao cancelamento, por dois anos seguidos, da folia nas ruas.

Em 2022 as festas privadas foram permitidas e teve até um ou outro bloquinho meio escondido nas ruas, mas sem a sensação de catarse generalizada que apenas alguns dias de Carnaval com fantasia barata, glitter no corpo e a alegria nas ruas pode causar.

Olinda/Pernambuco | Homem da Meia-Noite: Pela primeira vez, em 89 anos de historia, em 2020, o boneco gigante mais famoso do Carnaval de Pernambuco ficou recolhido. - Leo Caldas/Folhapress

Perguntamos aos leitores da Folha quais são suas melhores histórias de Carnaval e as respostas nos lembraram de como é bom estar vivo e celebrando.

Gisela, esposa do leitor Clemente Coelho Junior, não deixou que um pé quebrado os impedisse de aproveitar a folia em Recife (PE). Alugaram uma cadeira de rodas e partiram em uma maratona de pré Carnaval no Galo da Madrugada. "Logo no começo percebemos que teríamos muita dificuldade de prosseguir e cheguei a sugerir de abandonar a cadeira de rodas e carregá-la para longe, tamanho era o aperto. Prosseguimos por mais um pedaço e um dos rapazes que carregava um boneco gigante, do lado de dentro da corda do trio, sugeriu que entrássemos", conta.

O abrigo em meio à corda foi o suficiente para que eles se jogassem na festa. "Durante todo o trajeto, foliões acenavam para gente, batiam palmas pela nossa coragem, resistência e felicidade. Decidimos então, no final do trajeto, sair das cordas para encontrar nossos amigos. Todos bonecos e membros da comissão do trio vieram nos abraçar e agradecer pelo Carnaval. Saímos chorando, molhados de suor, no meio da multidão, que se abria para o casal passar", relembra.

O leitor Cesar Augusto de Oliveira Loureiro também passou um perrengue para assistir aos desfiles de escolas de samba do Rio de Janeiro em 1986. Além da dificuldade em conseguir ingressos para a Sapucaí em cima da hora, também precisou enfrentar um inimigo meteorológico: as chuvas de verão. "A Beija-Flor entrou na avenida com o enredo "O Mundo é uma Bola". Seus 4.500 componentes enfrentaram com empolgação e muita alegria o dilúvio e, eu na grade, com água pelas canelas, cantei e dancei sem parar vendo aquela gente feliz mesmo debaixo d'água e dos estragos que causaram em alegorias e fantasias. Passou galhardamente, enfeitiçou a todos, saiu da avenida nos deixando de corpo e alma completamente ensopados", conta.

Bianca Moreira, de Brasília, lembra com carinho do Carnaval de 2020, o último antes da pandemia. "Ver alguns blocos nas ruas de Brasília, com as pessoas felizes, animadas, fantasiadas, jovens e famílias inteiras se divertindo, era bom demais. Passa logo Covid, por favor!"

A memória favorita de Maria de Fátima de Albuquerque é de uma segunda-feira de Carnaval em que perdeu o bloco que iria acompanhar. "Fui empurrada para o Pitombeiras dos Quatro Cantos de Olinda, que descia a ladeira, para cantar e dançar. Era impossível sair. Conheci o poder da multidão, envolvente como uma serpentina. Deixei-me levar. Enguia, segui o fluxo, ladeira abaixo, ladeira acima, ladeira abaixo. Tomei umas e outras, e caí no passo"`, relembra.

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