Descrição de chapéu Copa do Mundo 2022

Leitor lembra da pipoca que o avô fazia para ver jogos; veja histórias sobre a Copa

Leitores revelam o significado que o Mundial tem para eles

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São Paulo

A Copa do Mundo é um evento que divide opiniões. Muitas pessoas se engajam e acompanham todo o campeonato, os menos entendidos assistem a um ou outro jogo, em especial os da seleção brasileira, e outros preferem ignorar a existência do Mundial.

Para alguns leitores da Folha, o campeonato é insignificante. O microempresário Fernando Teixeira Soares Filho, 63, de Salvador (BA), diz que a Copa não representa nada para ele e a única mudança em sua rotina é que, em dias de jogos do Brasil, irá fechar a loja mais cedo.

Já o advogado Luiz Fernando Cachoeira, 65, de Curitiba (PR), afirma que não torce nem mesmo pela seleção, apenas pelo Flamengo.

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A rua Cândido Afonso de Camargo, no Perus, zona oeste de São Paulo, decorada para Copa do Mundo do Qatar - Rivaldo Gomes/Folhapress

No entanto, há também um clima de nostalgia que envolve o torneio. Frederico Guerra Ribeiro, 33, de Fernandópolis (SP), lembra com carinho dos tempos em que assistiu a jogos com a família e ainda sente o cheiro da pipoca que o avô preparava antes de uma partida do Brasil.

"Tem lembrança de quem já se foi, pessoas com as quais compartilhei alegrias com títulos do Brasil e tristezas em eliminações."

A mesma saudade é compartilhada pela leitora Márcia Regina Bemerguy Queiroz, 55, de Santarém (PA), que aprendeu com o pai que "a Copa do Mundo traz a poesia tão necessária em tempos difíceis".

"Meu pai aguardava este evento e dizia que o mundo trocava suas estúpidas escolhas, como as guerras, pela esperança de um sorriso vindo da alegria de um gol", lembra.

Meu pai aguardava este evento e dizia que o mundo trocava suas estúpidas escolhas, como as guerras, pela esperança de um sorriso vindo da alegria de um gol

Márcia Regina Bemerguy Queiroz, 55

de Santarém (PA)

Leitoras se recordam das Copas que acompanharam na infância e dos tipos de decorações que se entusiasmavam em fazer. A jornalista Denise Santana, 51, de Brasília (DF), se juntava com outras crianças para distribuir bandeirinhas em janelas e postes, pintar a rua de verde e amarelo e torcer. "Era bom demais", diz, saudosa.

E Claudia Darakjian Tavares Prado, 58, que é professora de educação física em São Paulo (SP), recorda do Mundial de 1970, quando tinha seis anos, no qual o Brasil ganhou seu terceiro título.

"Minha mãe costurou duas bandeiras e prendeu em cabos de vassoura. A cada vitória saíamos de carro com meu pai e minha mãe pelas ruas do bairro segurando as bandeiras. A final foi inesquecível, um domingo de alegria, torcida e duas bandeiras tremulando pelos vidros de um Corcel vermelho. Viva o tri de Pelé, Rivelino, Zagallo."

No caso do jornalista André Cintra, 42, de Betim (MG), a história com a Copa do Mundo começou quando ele tinha dez anos. Agora ele conta com a companhia dos filhos.

"Como diria o Chico Buarque, a Copa é uma 'alegria fugaz', um intervalo de escapismo em meio a quatro anos de vida. Ainda que a Fifa e a Seleção Brasileira não venham ajudando tanto, torcer para o Brasil na Copa é aquele sacerdócio irresistível."

Como diria o Chico Buarque, a Copa é uma 'alegria fugaz', um intervalo de escapismo em meio a quatro anos de vida. Ainda que a Fifa e a Seleção Brasileira não venham ajudando tanto, torcer para o Brasil na Copa é aquele sacerdócio irresistível

André Cintra, 42

de Betim (MG)

Mas, para os mais críticos, a Copa perdeu muito do seu significado de união das nações para servir aos interesses do mercado. "Tem muito tempo que o futebol deixou de ser arte e passou a a ser apenas mais um evento comercial", diz Marconiedes Araujo da Silva, 51, de Tobias Barreto (SE).

"Veio para ser monetizado, negociado, ou seja, um esporte que foi totalmente abraçado pelo capitalismo, com sua constante ânsia por lucros. Para mim, o futebol morre a cada disputa e seus algozes aplaudem, cada vez mais cegos pela ambição sem limites", escreve Marcia Pereira da Silva, 65, do Rio de Janeiro (RJ).

Alguns também dizem que não se identificam mais com a composição da seleção e nem mesmo com o uniforme. "Nessa Copa estou triste, desolada", diz Claudia Immezi Alvarenga, 53, de São Paulo (SP).

Na visão da leitora, o evento era um momento de harmonia da nação que agora foi impactado pelos acontecimentos políticos. "Não me vejo com a camisa amarela, sob o risco de ser confundida com um bando de fanáticos insanos. E os jogadores se mostram como estrelas isoladas e não como um time verdadeiro."

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