Após muitas críticas de educadores, responsáveis legais e também protestos de estudantes, os principais impactados pelo novo ensino médio, o governo federal anunciou nesta segunda-feira (3) que irá suspender a reforma e uma portaria será publicada nos próximos dias.
Esse debate e as reclamações em torno dele vieram à tona desde a gestão Temer, quando a medida foi anunciada, em 2017, mas tudo se intensificou com o início do ano letivo de 2023. Estudantes se reuniram em manifestações pedindo um posicionamento do governo Lula.
A Folha perguntou a seus leitores quais as mudanças que deveriam ser implantadas no novo ensino médio. Veja algumas respostas:
Ampliar a estrutura das escolas e contratar profissionais para que, de fato, os itinerários sejam optativos.
Tereza Alice de Medeiros Silva, 43, professora (Florânia, RN)
Mais aulas das disciplinas tradicionais, sem itinerários. A grade deve acompanhar os principais vestibulares. Para os alunos, período integral com bolsa de permanência.
Minisa Nogueira Napolitano, 45, coordenadora pedagógica (Barretos, SP)
Como afetado, posso dizer que diminuiu nossa aprendizagem das matérias para o Enem. Nem todas as escolas têm estrutura. Muitos que estão incluídos nesse sistema foram impedidos de trabalhar. Nem todas as famílias têm provisão de uma única pessoa, mas sim de várias, incluindo os adolescentes.
Guilherme da Rosa José, 17, estudante (Laguna, SC)
Retirar os itinerários, que podem ser trabalhados nas áreas de humanas, linguagens e natureza. Não precisa de mais de 20 conteúdos. Se fosse uma grade de ponta, como querem fazer a sociedade acreditar, por que nos institutos federais e nas privadas ela não é usada?
Cristina Batista Cordeiro, 54, professora (Leme do Prado, MG)
Remunerar os professores por preparação de aulas, fidelizá-los às escolas em que lecionam com aumento da carga horária, facilitar seu acesso a cursos de mestrado e doutorado, colocá-los no centro das discussões sobre melhorias no ensino médio. Os responsáveis pela elaboração de políticas ou nunca entraram numa sala de aula ou não entram faz muito tempo.
Vinicius Cesar Coelho da Silva, 44, professor (Rio de Janeiro, RJ)
Colocar matérias mais úteis e não matérias que não fazem sentido algum, implantar mais horários de química, física, matemática... Isso irá ajudar para nós estudantes.
Erieli Laís Paula da Silva, 16, estudante (Várzea da Palma, MG)
Estudar melhor essas grades curriculares. Principalmente o período integral, que em muitas escolas não está dando certo. A escola do meu filho mesmo é uma delas.
Graziele Alves Soares, 38, auxiliar de escritório (São Paulo, SP)
Diminuir a carga horária da parte diversificada. Ela tem seu valor, mas pode e deve diminuir. Na base geral comum, houve grandes perdas.
Alex Pereira Sales, 36, professor (Tauá, CE)
Está na hora de romper a lógica utilitarista do ensino. Chega de colocar o Enem como objetivo final do ensino médio. É reduzir demais as aspirações dos nossos adolescentes.
Stéfano Araújo Novais, 31, professor de química (Rio de Janeiro, RJ)
Voltar como era antes, os períodos manhã, tarde e noite. Pássaro o dia inteiro na escola cansa!
Ryan Carlos de Oliveira Custódio, 15, estudante (Potengi, CE)
Não haverá reforma decente sem medição séria de conhecimento. Reformar algo ruim para quê, se hoje o aluno é aprovado até sem comparecer às aulas?
Hugo Valdez, 50, professor (São Paulo, SP)
Achei que o novo ensino médio seria inovador e os alunos iriam gostar, mas novamente uma ideia boa conseguiu ser um desastre na escola. Colocaram muitas aulas dos itinerários formativos e tiraram da formação básica. É preciso ensinar coisas que agreguem, educação financeira, impostos, a poupar para não depender do INSS, a acabar com o eterno endividamento por não entender o básico de juros.
Nayra Sabrina de Moraes, 33, professora (Osasco, SP)
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