Descrição de chapéu USP

'A USP representa um Brasil possível e que pode dar certo', diz leitor

Leitores compartilham suas histórias com a Universidade de São Paulo, que completa 90 anos nesta quinta-feira (25)

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São Paulo

A USP (Universidade de São Paulo) comemora 90 anos nesta quinta-feira (25). Símbolo de excelência, produção de conhecimento e pesquisas científicas, a universidade marcou e ainda marca a vida de muitas pessoas.

Considerada a melhor universidade da América Latina, é lar para milhares de estudantes, trabalhadores e visitantes, cada um com uma história única com a instituição. Pensando nisso, a Folha pediu a seus assinantes que contassem o que a USP representa para eles e dividissem suas melhores memórias da instituição.

Prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo). - Adriano Vizoni/Folhapress

Vitor Warwar, 58, conta que passou sua infância na USP como aluno da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação (EA/FEUSP), período em que pegava o circular – ônibus que roda dentro do campus –e passeava pelo departamento de Geografia, na FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas) com seus amigos.

"À USP devo minha formação, do primário, mestrado e, posteriormente, pós-doutorado no IQ (Instituto de Química). É a referência da minha vida, tudo está conectado com a USP, desde quando meu pai e minha mãe se conheceram, quando eram funcionários, até o emprego que consegui depois do meu pós-doutorado", conta.

Os pais de Gabriela Takeshigue, 29, também se conheceram na USP. "Sempre fui, desde pequena, ao campus do Butantã. Me orgulho muito da USP ter feito parte de quase todas as fases da minha vida", diz.

Ela conta que sua melhor memória com a universidade é quando, ainda pequena, atravessava a Cidade Universitária de carro: "Passava pelas ruas cheias de árvores. Ficava admirada com o clima que emanava de lá".

Esse sentimento é compartilhado por Rafael Faustino, 38, que ainda se comove toda vez que entra no campus. "As árvores, o cheiro, o bambuzal que fica na entrada do prédio da História. Minha amada FFLCH! Minha melhor memória daqui é essa que ainda construo aqui, diariamente", conta à Folha.

A USP recebe, ano a ano, novas levas de estudantes, que conseguiram passar por um dos vestibulares mais difíceis do país. É o caso de William Silva Garcia Leal, 28, que diz que sua melhor memória com a USP é a do dia 8 de fevereiro de 2019: "Após sete anos de tentativa, finalmente passei na faculdade de medicina."

Passar para o ensino superior público é o sonho de muitas pessoas e, para alguns, representa a única oportunidade de continuar os estudos. "A USP se abriu como um universo para mim, garota de 18 anos cheia de sonhos, estudante de escola pública, filha de trabalhadores rurais pouco alfabetizados e que morava num sítio no interior de São Paulo. Um universo de possibilidades, de encontros, pessoas e de conhecimentos", conta Bruna Valquiria Baviera, 38.

Assim como para Bruna, a USP significou uma mudança na rota de vida de milhares de pessoas. Já para Ana Clara Lopes Mota, 15, ela representa o renascimento. "Não só porque eu nasci no hospital de lá, mas também por ser onde os meus pais conseguiram mudar de vida. Representa um centro de conhecimento do qual quero fazer parte no futuro."

"A USP representa resistência. Horas e horas no transporte público para conquistar um sonho: ser a primeira pessoa formada no ensino superior da minha família", diz Keila Vieira Ortiz, 26. "Amadurecer e aprender que, embora eu não tivesse as mesmas oportunidades dos muitos colegas que coabitavam comigo, esse também era e é meu lugar."

Marcelo Leite Silveira, 70, relembra um outro tipo de resistência associada à USP: a resistência à Ditadura Militar. "Me recordo de ver tanques de guerra dentro da USP em 1968, esvaziando o Conjunto Residencial da USP (CRUSP)."

Fugindo um pouco dos elogios, alguns leitores destacam o cenário de desigualdade social presente dentro da universidade. Marcos Barbosa, 52, diz que a USP é um retrato da desigualdade social. "Uma universidade pública em que 90% dos seus alunos são ricos."

"Um lugar para filhos de ricos", concorda Ivo Daniel Sarmento, 45.

Porém, entre as respostas dos leitores, o que mais se destaca é a vivência universitária. "As amizades, as festas, professores que marcaram minha vida, o bandejão, a piscina do Cepe (Centro de Práticas Esportivas da USP), os estudos de meio, as longas conversas com amigos e professores, acreditar que era possível mudar o mundo", escreve Arthur Rodrigo Ferreira, 45.

"A USP é um lugar maravilhoso para se conhecer novas pessoas de todos os cantos do país, por isso o círculo social é bem heterogêneo e com várias vivências diferentes", concorda Mateus Karakida Alves dos Santos, 18.

Elice Dias Oliveira, 72, traduz o que Karakida disse atribuindo à USP o papel de "o encontro intergeracional". Eduardo Fernandes de Mello confirma isso, dizendo que sua melhor memória da universidade são os "cursos que faço voltados para comunidade com mais de 60 anos".

Confira abaixo outras respostas enviadas à Folha sobre as melhores memórias da USP e o que representa para os leitores:

"A USP representa um Brasil possível e que pode dar certo. Ao entrar na universidade, foi a primeira vez na minha vida em que minha renda e condição social não eram impeditivos de acesso a direitos. Ter acesso a seus serviços internacionalmente reconhecidos e de maneira gratuita, para além das infindáveis áreas de saber disponíveis em inúmeros cursos de graduação, foi a materialização daquilo que a Constituição nos promete, mas ainda nos falta diariamente.."
William Silva Garcia Leal, 28, estudante de medicina (São Paulo, SP)

"Atualmente, sou mestrando da USP. Contudo, minha relação física com a universidade, bem como minha relação com meu orientador, é quase inexistente. É isso que ela representa, então: distância. Por essa razão, não me imagino fazendo doutorado na USP, apesar do "peso" que tal título possa ter no currículo." André Luiz dos Santos Rodrigues, 27, professor (São Paulo, SP)

"Tenho a USP como uma valorosa universidade com seus múltiplos centros de ensino, assistência e pesquisa, produtores de conhecimento, formadores e construtores de muitos recursos essenciais e necessários ao Brasil. Aliás, uma instituição, assim como suas equivalentes nas diversas regiões do país, que necessita ser cuidada, valorizada e ter a permanente atenção dos governos, haja vista sua importância para o desenvolvimento técnico científico do país."
Maria Rita Monteiro, 71, médica (Rio de Janeiro, RJ)

"Um centro de excelência na pesquisa, ciência e formação de profissionais que permitirão ao Brasil estar preparado para os desafios que se apresentam"
Luís Antônio Costa Pereira, 62, engenheiro mecânico (Curitiba, PR)

"Elitismo, soberba"
Atanagildo da Silva Júnior, 63, arquiteto (Pirassununga, SP)

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