Depois de uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral baseada em uma interpretação expansiva da Lei da Ficha Limpa, o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse nesta quarta (17) que vai recorrer da cassação de seu mandato. Ex-procurador da Lava Jato, ele afirmou que a decisão é baseada em vingança por sua atuação e representa uma "festa para os corruptos".

Para o TSE, Deltan tentou burlar uma possível inelegibilidade ao deixar a carreira de procurador enquanto era alvo de 15 sindicâncias junto ao Conselho Nacional do Ministério Público —caso elas se tornassem processos administrativos, ele se enquadraria na Lei da Ficha Limpa. Ele refuta a interpretação, dizendo ter sido punido "por crime futuro ou condenação que não existe".

O pedido de suspensão da candidatura de Deltan tinha sido negado pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná —a Procuradoria-Geral Eleitoral também se manifestou a favor dele. No recurso ao Supremo Tribunal Federal, o cenário para uma reversão da cassação é considerado improvável.

Deltan pediu exoneração do MPF em 2021, mirando a carreira política. No ano passado, foi o deputado mais votado do Paraná, com mais de 340 mil votos. Em Brasília, sua cassação foi alvo de zombaria de governistas e de críticas da oposição. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato, disse a aliados que acredita ser um possível alvo de ação semelhante —as contas de sua campanha são questionadas na Justiça Eleitoral.

O Café da Manhã desta quinta (18) fala da repercussão da cassação de Deltan e analisa aspectos jurídicos e políticos da decisão do TSE. O repórter da Folha em Brasília Marcelo Rocha explica os próximos passos do processo.

O programa de áudio é publicado no Spotify, serviço de streaming parceiro da Folha na iniciativa e que é especializado em música, podcast e vídeo. É possível ouvir o episódio clicando acima. Para acessar no aplicativo, basta se cadastrar gratuitamente.

O Café da Manhã é publicado de segunda a sexta-feira, sempre no começo do dia. O episódio é apresentado pelos jornalistas Gabriela Mayer e Gustavo Simon, com produção de Laila Mouallem e Priscila Camazano. A edição de som é de Thomé Granemann e Raphael Concli.