Acervo da família real portuguesa contribui para criação da Biblioteca Nacional
Os livros da família real portuguesa ajudaram a construir o acervo da atual Biblioteca Nacional, localizada na avenida Rio Branco, no Rio de Janeiro. Apesar da contribuição, os livros não desembarcaram no Brasil junto com a corte portuguesa, em janeiro de 1808.
Ao deixar Lisboa às pressas, em novembro de 1807, a comitiva do príncipe regente dom João acabou deixando para trás os cerca de 60 mil livros da Real Biblioteca --que continha a primeira edição de "Os Lusíadas, de Camões, por exemplo. Os livros da Biblioteca Real foram transportados para o Brasil em três viagens: uma em 1810 e duas em 1811.
O acerto da Real Biblioteca foi acomodado, inicialmente, em numa das salas do Hospital do Convento da Ordem Terceira do Carmo --localizado na então rua Direita, hoje rua 1º de Março.
Por decreto, o príncipe regente determina que o local passe a acomodar a Real Biblioteca e, 29 de outubro de 1810 --data que é considerada a fundação da biblioteca. No entanto, a Real Biblioteca só foi aberta para visitação pública em 1814.
Ao deixar o Brasil e retornar para Portugal, em 1821, dom João 6º levou com ele boa parte dos manuscritos que compunham a Real Biblioteca. Mesmo assim, a atual Biblioteca Nacional é considerada hoje a oitava maior do mundo e a maior da América Latina.
Mudanças
Em 1825, a Real Biblioteca foi rebatizada de Biblioteca Imperial e Pública da Corte. Na ocasião, dom Pedro 1º teve de pagar uma indenização 2 milhões de libras esterlinas para a corte portuguesa --negociada no Tratado de Amizade e Aliança. Desse valor, 800 contos de réis se referiam ao pagamento da Real Biblioteca.
Em 1859, a biblioteca foi instalada num prédio na rua do Passeio --onde hoje funciona a Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A biblioteca se mudou para o atual endereço em 29 de outubro de 1910 --a pedra fundamental foi lançada em 15 de agosto de 1905.
Acervo
Entre as peças mais valiosas do acervo está o Evangeliario, um pergaminho com os quatro evangelhos em grego que datam dos séculos 11 e 12.
"Essas preciosas coleções e documentos, enriquecidas ao longo destes duzentos anos, são fundamentais para entender a nossa história", afirma Muniz Sodré, presidente da Fundação Biblioteca Nacional.
O acervo começou a ser digitalizado há cinco anos. Até agora, 10 mil peças passaram pelo processo, pouco perto da coleção de 9,5 milhões de itens.
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