Militares tiram barricadas do morro do Alemão no Rio
O Exército e a Marinha terminaram ontem a Operação Guanabara no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, tendo tido como únicos "inimigos" aparentes as barricadas do tráfico e as propagandas irregulares de candidatos.
O porta-voz do Exército na operação, coronel André Luís Novaes, afirmou que a atuação nessa localidade, considerada a região mais armada do Rio, demonstra que "o Exército entra em qualquer lugar". "Não tem onde o Exército não entre."
Foi a ação mais complexa e demandou detalhado planejamento e grande emprego de tropas, com 4.300 homens, além de 1.000 na reserva, e contou com seis helicópteros e 20 blindados Urutus de transporte de tropas. Não houve registro de incidentes de violência.
Além de garantir a segurança de agentes de fiscalização do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) durante três dias, os militares atuaram principalmente na remoção de 42 barricadas armadas por traficantes em pontos estratégicos das comunidades do Alemão.
Feitas com trilhos de trem, concreto, buracos ou entulhos dispostos no meio das pistas, elas impediam a livre circulação de carros civis e veículos das polícias militar e civil.
"Deixamos o Complexo do Alemão sem nenhuma barricada. Retiramos 25 contenções do tráfico. A rua Canitá [um dos acessos] era praticamente uma 'plantação de barricadas': uma a cada 20 metros, 30 metros", afirmou o coronel.
O oficial relatou que, em alguns casos, os criminosos chegaram à sofisticação de fazer buracos sob medida e fundeados em ferro para inserir os trilhos de trem. Esses buracos foram tapados com concreto, informou Novaes.
O porta-voz atribuiu o resultado pacífico da Operação Guanabara ao grande efetivo empregado e ao objetivo eleitoral --nem durante a remoção de barricadas os traficantes reagiram. "Só iriam perder muito. Estão perdendo com a nossa presença aqui, e perderiam ainda mais se atacassem. Se conseguimos cumprir a missão sem fazer uso da força, pacificamente, melhor", afirmou.
Pelo país
As Forças Armadas Brasileiras estarão amanhã em 341 dos 5.563 municípios brasileiros, autorizadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), para reforçar a segurança local durante o primeiro turno das eleições municipais. Para tanto, a Justiça Eleitoral havia disponibilizado até ontem ao Ministério da Defesa R$ 41,6 milhões, valor que poderá ser acrescido em caso de urgência e imprevisto.
O Rio de Janeiro é o único município onde as tropas não atuam apenas no dia das eleições. Desde o início de setembro, soldados do Exército já estiveram em mais de 20 localidades da capital fluminense, de forma transitória.
Todas essas áreas são, de acordo com o TRE do Rio (onde outra cidade também contará com a presença de militares amanhã), afetadas pela ação de milícias ou do tráfico de drogas.
Dos outros 339 municípios (6,1% do total de cidades do país) que terão a segurança reforçada, 107 ficam no Pará, 107 no Rio Grande do Norte, 39 no Amazonas, 20 em Alagoas, 4 no Amapá, 20 no Sergipe, 13 no Maranhão, 4 no Mato Grosso do Sul, 3 na Paraíba, 2 no Tocantins e 20 no Piauí.
O número de municípios deste ano é praticamente o mesmo das eleições municipais de 2004, quando o TSE autorizou o envio das tropas federais para 344 cidades de 12 Estados (Piauí, Pará, Rio Grande do Norte, Amazonas, Roraima, Maranhão, Alagoas, Paraíba, Amapá e Tocantins).
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