Zilda Arns morre em tremor no Haiti; corpo deve chegar ao Brasil na quinta-feira
A médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, morreu vítima do terremoto de 7 graus de magnitude que atingiu o Haiti na terça-feira. A morte foi confirmada na manhã desta quarta-feira pelo sobrinho de Zilda e senador Flávio Arns (PSDB). Além de Zilda, pelo menos 11 militares brasileiros morreram no Haiti.
Zilda estava em Porto Príncipe, capital do Haiti, para uma missão humanitária e faria uma palestra nesta quarta-feira. Segundo Rubens Arns Neumann, um dos filhos de Zilda, ela estava discursando em uma igreja no momento do terremoto.
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A família da médica foi informada de sua morte por meio do chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
O corpo de Zilda já está em poder do Exército brasileiro em Porto Príncipe e deve ser transladado para o Brasil amanhã. Ainda não há detalhes sobre o velório, mas o enterro será no cemitério da Água Verde, em Curitiba, onde estão enterrados familiares de Zilda.
A Pastoral da Criança disse que só terá mais informações sobre o traslado durante a madrugada de hoje, depois que o senador Flávio Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, chegar a Porto Príncipe. Ele acompanha a comitiva do ministro Nelson Jobim (Defesa) para verificar a situação do país.
Zilda era irmã do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo. Em nota, ele disse que ouviu emocionado a notícia que sua "caríssima" irmã sofreu "com o bom povo do Haiti o efeito trágico do terremoto". Para o religioso, não é hora de perder a esperança.
"Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança", diz dom Paulo na nota.
Patrícia Santos/Folha Imagem |
Médica Zilda Arns morreu enquanto discursava a religiosos em igreja no Haiti |
Nascida em 1934, Zilda era representante da CNBB (Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil) e fundadora também da Pastoral da Pessoa Idosa.
Ela também era membro do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Viúva e mãe de cinco filhos, ela era empenhada em causas ligadas ao combate à mortalidade infantil, desnutrição e violência familiar. Ela chegou a ser indicada ao prêmio Nobel da Paz em 2006 e recebeu outros diversos prêmios.
Repercussão
Políticos, líderes religiosos e entidades sociais lamentaram a morte de Zilda Arns. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva interrompeu hoje a cerimônia de lançamento de ações do governo para a Copa de 2014 para pedir um minuto de silêncio em memória das vítimas do terremoto. Ele também decretou luto de três dias no país.
Além de Lula, os governadores de São Paulo, José Serra (PSDB), de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), e do Paraná, Roberto Requião (PMDB), também decretaram luto oficial de três dias.
Em nota, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso destacou o trabalho feito por Zilda na Pastoral da Criança, que segundo ele contribuiu para reduzir as taxas de mortalidade infantil no Brasil. Para o ex-presidente, o trabalho que ela fez deve servir de exemplo e estimular "todos que desejam um Brasil melhor".
Veja a repercussão da morte de Zilda Arns
Terremoto
Um forte terremoto abalou o Haiti na terça-feira (12), destruindo prédios e matando um número ainda incerto de pessoas, em um dos países mais pobres do mundo. Sem levantamentos oficiais e em meio a um colapso nas comunicações, fontes médicas e humanitárias preparam-se para a possibilidade de haver milhares de mortos, incluindo estrangeiros de diversas nacionalidades que fazem parte da força de paz das Nações Unidas, liderada há cinco anos pelo Brasil. Diversos países e entidades internacionais mobilizam-se para ajudar o país.
O terremoto de magnitude 7 aconteceu às 16h53 (19h53 em Brasília), a cerca de 16 km da capital haitiana, sendo considerado o mais forte no país em 200 anos.
O Haiti é o país mais pobre do Ocidente. O Brasil comanda cerca de 7.000 soldados da força de paz da ONU (Minustah) no Haiti, enviada ao país em 2004, e tem cerca de 1.300 homens na região.
Arte/Folha Online | ||
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