Justiça mantém grupo dissidente na direção da TFP
A TFP (Tradição, Família e Propriedade), mais conhecida organização conservadora do país, continuará sendo dirigida pelo grupo dissidente que a comanda desde 2004.
A decisão, dada hoje pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), é mais um capítulo no imbróglio jurídico que se arrasta desde 1997 entre duas correntes da entidade --os dissidentes e os fundadores. Cabe recurso.
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Os problemas começaram pouco depois da morte do criador da entidade, Plínio Correia de Oliveira, em 1995. Parte dos sócios efetivos, que eram maioria na TFP, passaram a discordar dos então oito sócios fundadores, únicos com direito a voto.
A divergência se dava principalmente em dois pontos: a diminuição da atuação política da TFP e a aproximação com a Igreja Católica. As duas ações eram refutadas pelos fundadores e desejadas pelos dissidentes, que foram à Justiça para pedir o direito a voto.
Em 2003, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu ganho de causa aos dissidentes e determinou a realização de novas eleições para a diretoria. O grupo tomou posse em 2004 e continua sendo maioria na entidade.
A ação julgada hoje pelo STJ é um recurso dos fundadores --que estão proibidos de utilizar o nome e os símbolos da entidade em sua associação.
TROCA DE ACUSAÇÕES
Os dissidentes acusam os fundadores de terem expulsado mais de 1.000 colaboradores da TFP logo após a morte de Plínio Correia de Oliveira.
"Eram pessoas que deixaram tudo para trás para trabalhar para a TFP e que foram deixadas na rua", afirma o advogado da entidade, Armando Verri Júnior.
Para José Carlos Sepúlveda, ligado aos fundadores, as alegações "não têm fundamento".
A atual diretoria da TFP acusa os fundadores de terem dilapidado o patrimônio da entidade entre 2001 e 2003, enquanto a decisão do juiz de primeira instância estava sendo discutida no Tribunal de Justiça.
De acordo com André Dantas, dos dissidentes, a então diretoria criou uma outra associação, a "Aliança de Fátima", e passou a repassar para ela dinheiro e bens da TFP. Sepúlveda nega a acusação e afirma que todas as decisões da Justiça até agora negaram a existência de fraude.
Ele critica a proximidade dos dissidentes com a Igreja. "A diretoria atual é íntima colaboradora das autoridades eclesiásticas. Esse grupo de dissidentes fundou uma associação chamada 'Arautos do Evangelho' e a beneficia por meio da TFP."
Dantas nega a relação com a Arautos, dizendo que as entidades mantêm uma "amizade", mas são distintas uma da outra.
A maior crítica dos fundadores aos dissidentes é a falta de conotação política da atual diretoria. "Esse grupo fechou virtualmente a TFP, ela não faz mais nada, não tem nenhuma atuação."
Para Dantas, é natural a mudança da visão da entidade, que atualmente prioriza temas religiosos.
"A TFP atuava de acordo com a situação dos anos 70, 80. Lutava contra o comunismo, a reforma agrária, a teologia da libertação. Quando João Paulo II virou papa, mudou o enfoque desses temas pela igreja. Por um lado, a teologia da libertação perdeu todo aquele 'glamour' que tinha. Por outro, o comunismo também desmoronou. Por isso, o trabalho da TFP, no começo da década de 90, passou a ser mais focado nos temas religiosos."
Os fundadores disseram que irão recorrer ao Supremo Tribunal Federal.
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