Lista de delator da Petrobras cita nomes de 28 políticos, diz jornal
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa listou o nome de 28 políticos supostamente envolvidos no escândalo na estatal durante cerca de 80 depoimentos, no âmbito de delação premiada na Operação Lava Jato, ocorridos entre agosto e setembro, segundo informações do jornal "O Estado de S. Paulo".
Segundo a reportagem, a lista de políticos envolvidos no esquema inclui ministros e ex-ministros do governo Dilma Rousseff (PT), deputados, senadores, um governador e ex-governadores. Constam também na relação nomes de parlamentares da base aliada do governo e da oposição. Na lista dos partidos estão PT, PMDB, PSB, PSDB e PP.
No documento aparece o ex-ministro Antonio Palocci, dos governos Lula e Dilma. O petista teria encomendado a Costa, segundo a reportagem, dinheiro para a campanha da presidente, da qual era coordenador. O pedido teria sido de R$ 2 milhões.
Costa também relatou pagamento de propina ao ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, para que uma CPI que investigava a Petrobras fosse encerrada, caso revelado pela Folha em outubro. O pagamento, segundo o depoimento ao qual o "Estado" teve acesso, foi de R$ 10 milhões.
Outros nomes também já haviam sido ligados ao esquema em vazamentos anteriores.
Em setembro, a revista "Veja" divulgou nomes de 12 políticos que constariam nos depoimentos de Paulo Roberto Costa, dentre eles, Renan Calheiros (PMDB-AL), Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), Roseana Sarney (PMDB-MA) e Eduardo Campos (PSB-PE). A revista mencionava também o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, que não aparece no documento apresentado pelo "Estado".
A Folha também já havia revelado a menção ao nome do candidato ao governo do Rio neste ano, Lindbergh Farias (PT).
No depoimento do doleiro Alberto Youssef –que assim como Costa, assinou delação premiada– também consta o nome da senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann.
A informação de que o nome do líder do PT no Senado, Humberto Costa, constava no depoimento do ex-diretor da Petrobras também já havia sido revelada.
A integrantes da CPI da Petrobras, Costa disse ter delatado entre 35 e 40 congressistas.
Veja abaixo os nomes presentes na lista de Paulo Roberto Costa, segundo o "Estado":
PT
- Antonio Palocci - ex-ministro dos governos Lula e Dilma
- Gleisi Hoffmann - senadora (PR) e ex-ministra da Casa Civil
- Humberto Costa - senador (PE) e líder do PT na Casa
- Lindbergh Farias - senador (RJ)
- Tião Viana - governador reeleito do Acre
- Delcídio Amaral - senador (MS)
- Cândido Vaccarezza - deputado federal (SP)
- Vander Loubet - deputado federal (MS)
PMDB
- Renan Calheiros - presidente do Senado (AL)
- Edison Lobão - ministro de Minas e Energia
- Henrique Eduardo Alves - presidente da Câmara (RN)
- Sérgio Cabral - ex-governador do Rio de Janeiro
- Roseana Sarney - ex-governadora do Maranhão
- Valdir Raupp - senador (RO) e 1º vice-presidente do partido
- Romero Jucá - senador (RR)
- Alexandre José dos Santos - deputado federal (RJ)
PSB
- Eduardo Campos - governador de Pernambuco de 2007 a 2014 (morto em 2014)
PSDB
- Sérgio Guerra - presidente nacional do PSDB de 2007 a 2013 (morto em 2014)
PP
- Ciro Nogueira - senador (PI)
- João Pizzolatti - deputado federal (SC)
- Nelson Meurer - deputado federal (PR)
- Simão Sessim - deputado federal (RJ)
- José Otávio Germano - deputado federal (RS)
- Benedito de Lira - senador (AL)
- Mário Negromonte - ex-ministro das Cidades
- Luiz Fernando Faria - deputado federal (MG)
- Pedro Corrêa - ex-deputado federal (PE)
- Aline Lemos de Oliveira - deputada federal (SP)
OUTRO LADO
Procurados pela reportagem do jornal, os citados negam qualquer envolvimento. Apenas os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e Benedito de Lira (PP-AL) e os deputados José Otávio Germano (PP-RS) e Simão Sessim (PP-RJ) não quiseram se pronunciar.
ESCÂNDALO
Iniciada em março deste ano, a Operação Lava Jato investiga o esquema de lavagem e desvios de dinheiro em contratos assinados entre empreiteiras e a Petrobras que somam R$ 59 bilhões, considerando o período de 2003 a 2014.
Segundo as investigações, parte desses contratos se destinava a "esquentar" o dinheiro que irrigava o caixa de políticos e campanhas no país.
Até o momento, 39 pessoas, entre funcionários de empreiteiras, da Petrobras e intermediários de esquemas de corrupção, tornaram-se réus em decorrência da Operação Lava Jato.
As denúncias foram acatadas pelo juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, responsável pelo julgamento daqueles que não contam com foro privilegiado. Os políticos, por sua vez, só podem ter o caso analisado pelo STF.
Como esta sexta é o último dia de trabalho do Judiciário, inquéritos e denúncias envolvendo figuras com foro privilegiado só devem acontecer em fevereiro de 2015, quando recomeçam os trabalhos nas cortes.
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