Descrição de chapéu sao-paulo-estado

Favorito, João Doria divide PSDB-SP em prévias para governo 

Aníbal diz que tucano pretende disputar Presidência, Pesaro critica sigla e d'Avila prega composição

Thais Bilenky
São Paulo

Para José Aníbal, será uma fraude. Para Floriano Pesaro, uma ilegalidade. Para Luiz Felipe d’Avila, traumática. E para João Doria, o favorito, democrática.

A prévia que o PSDB realiza neste domingo (18) para definir o seu candidato a governador de São Paulo é o mais recente capítulo da história de divisões e disputas internas do partido.

Leia as entrevistas:

“Fico um pouco entristecido pelo processo conturbado, politizado e açodado de decisão de como a prévia seria feita”, disse d’Avila, em sua estreia político-eleitoral

Cientista político e empresário, ele disse que a entrada de João Doria, anunciada oficialmente apenas na segunda-feira (12), mas costurada durante semanas, conturbou o processo.

“Acaba favorecendo demais quem está na máquina, e isso distorce o princípio da prévia. Por isso defendi que ocorresse depois do dia 7 de abril [prazo de desincompatibilização], permite uma competição entre iguais.”

Suplente de senador, José Aníbal também criticou Doria. “As prévias estão sendo maculadas por atitudes como essa do fujão aí, do prefeito, que não quer saber de debate. Tudo jogo jogado, jogo combinado”, disse.

Para o pré-candidato, a executiva favoreceu Doria. “Todos querem vê-lo pelas costas, mas ele quer que essa saída esteja associada a algum propósito: ser candidato a governador. A coisa que ele menos é é candidato a governador. Ele é candidato a presidente”, disse Aníbal.

A suspeita de que Doria espere uma brecha para se viabilizar na disputa presidencial é recorrente no tucanato paulista. O prefeito nega.

“Na campanha vamos ajudar Geraldo Alckmin na sua caminhada para chegar à Presidência”, disse Doria.
A reação negativa do eleitorado paulistano à sua eventual renúncia depois de um ano e três meses de mandato, para Doria, é compreensível. 

“Mais a frente, porém, a maioria entenderá que atendi a um chamado do meu partido para que as conquistas alcançadas no estado de São Paulo ao longo de 24 anos de governo do PSDB sejam preservadas”, afirmou o prefeito

Pesaro, secretário do governo estadual, elogiou “a postura de estadista” de Alckmin ao longo do processo.

“O governador se preservou na medida em que é presidente do partido, portanto, a autoridade máxima do processo e não deveria em momento algum interferir”, afirmou.

“Na quinta (15), quando a situação chegou ao limite da irracionalidade, quando recebi a intimidação do partido me comunicando que eu seria excluído das prévias [se não pagasse R$ 45 mil], aí o governador se manifestou soberanamente dizendo que acha uma barbaridade a cobrança compulsória”, pontuou.

O partido recuou, e a ação judicial de Pesaro contra a taxa perdeu objeto. Aníbal, que havia pedido adiamento da prévia na Justiça, também perdeu a causa.

Os dois questionam a legitimidade das prévias. Criticam a falta de controle sobre os eleitores, admitida pela cúpula partidária. 

Dizem que a fragilidade do sistema de fiscalização das urnas e das cédulas, impressas no próprio local de votação, ameaçam a lisura do processo.

Alckmin será prejudicado na eleição presidencial se o PSDB não reunir os cacos depois da prévia, disse d’Avila.

“Se cada um quiser ficar no humor de acertos de contas, não vai ter o diálogo. Se um tratar o outro com ar de superioridade, aí realmente vai dificultar”, afirmou

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.