Em meio à reforma do secretariado, o novo governador de São Paulo, Márcio França (PSB), decidiu manter na gestão Marcos Monteiro, que é pessoa de confiança do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) e foi citado por delatores da Odebrecht.
No governo Alckmin, que terminou na sexta-feira (6) com a renúncia do tucano para concorrer à Presidência, Monteiro era secretário de Planejamento e Gestão.
Nesta quarta (11), o socialista o deslocou para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação —que antes era chefiada pelo próprio França, acumulando a pasta com a função de vice-governador.
Monteiro foi o responsável pelas contas da campanha de Alckmin em 2014, que tinha França como vice. Executivos da Odebrecht apontaram o tesoureiro, em depoimentos na Operação Lava Jato, como operador de caixa dois para a chapa do tucano.
Tanto o secretário quanto o ex-governador sempre negaram que tenha havido irregularidades na arrecadação. A prestação de contas, afirmam em sua defesa, foi aprovada pela Justiça Eleitoral.
Ao lado de Alckmin e de Adhemar Cesar Ribeiro, cunhado do presidenciável, Monteiro é investigado no inquérito aberto a partir das delações da empreiteira sobre caixa dois nas campanhas do paulista em 2010 e 2014.
Nesta quarta (11), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu encaminhar a apuração para a Justiça Eleitoral de São Paulo. Antes o caso corria no STJ, em Brasília, porque Alckmin era governador e tinha direito a foro especial.
A gestão Márcio França afirmou, via assessoria, que "Marcos Monteiro é um excelente profissional, de confiança do governo, e a Justiça deve continuar investigando a veracidade dos fatos".
OUTRAS TROCAS
Para o lugar de Monteiro no Planejamento, o socialista nomeou o jornalista Mauricio Pinto Pereira Juvenal, seu ex-assessor e aliado antigo.
Para a pasta de Emprego e Relações do Trabalho, foi escolhido Cícero Firmino da Silva. Conhecido como Cícero Martinha, o sindicalista é filiado ao Solidariedade e foi indicado pelo deputado federal Paulinho da Força, dirigente nacional do partido.
O Solidariedade é uma das dez legendas com as quais França diz contar para a coligação de sua campanha à reeleição. O governador diz que as escolhas para o secretariado não estão atreladas aos acordos partidários.
A manutenção de Marcos Monteiro, que é próximo de Alckmin, indica que a reforma no secretariado poderá manter nomes que estavam na gestão do PSDB e gozam da confiança do novo chefe do Executivo paulista. Ele é entusiasta da candidatura presidencial de seu antecessor.
França também já nomeou o jornalista Clóvis Vasconcellos para a subsecretaria de Comunicação Social e Juan Francisco Carpenter para a Procuradoria-Geral do Estado.
COVAS
Nesta quarta, o novo governador recebeu no Palácio dos Bandeirantes o novo prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB). Foi o primeiro encontro dos dois desde que assumiram os cargos, na sexta.
França e Covas estão em campos opostos quando o assunto é a eleição estadual —o tucano apoia o colega de partido João Doria—, mas disseram que as questões eleitorais ficarão de fora da relação entre o governo e a prefeitura.
Os dois gravaram um vídeo lado a lado, no qual o socialista chamou o tucano de "um querido de muitos anos".
"Nós reafirmamos o compromisso de colocar o estado de São Paulo e a Prefeitura de São Paulo a serviço da população, que é o mais importante para todos nós", afirmou.
Covas disse que a eleição não contaminará o dia a dia "nesta relação que é fundamental para melhorar a qualidade de vida da população".
O discurso é o de que será mantido o relacionamento institucional e que projetos conjuntos terão continuidade.
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