Descrição de chapéu Eleições 2018

Alckmin recua e retira pedido de censura a pesquisa Datafolha

Defesa do tucano afirmou que 'desistência leva em conta o direito à informação'

O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) durante entrevista a jornalistas em São Paulo
O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) durante entrevista a jornalistas em São Paulo - Paulo Whitaker - 06.set.2018/Reuters
Guilherme Seto
São Paulo

O presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) disse que não foi consultado pelo advogado do PSDB antes que fosse protocolada ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar censurar a divulgação da pesquisa eleitoral nacional do Datafolha. Horas após a afirmação, os advogados do tucano retiraram a ação.

"O advogado acabou entrando [com a ação] sem me consultar, li hoje pelo jornal e liguei e já mandei retirar. Ele justificou que na realidade consultou a área de coordenação da campanha e achou que era suficiente", afirmou o tucano após a sabatina Estadão-Faap.

O levantamento Datafolha foi registrado no tribunal na terça-feira (4) para ser realizado e divulgado na próxima segunda-feira (10). 

Os advogados da coligação da candidatura de Alckmin, "Para unir o Brasil", argumentam na ação registrada nesta quarta-feira (5) que a pesquisa não pode ser publicada porque substituiu no questionário o nome de Luiz Inácio Lula da Silva pelo de Fernando Haddad, vice na chapa do PT à Presidência da República.

"E qual a justificativa [do advogado]? No fundo você está confundindo o eleitor. Você confunde o eleitor, de um lado, e de outro lado está protegendo o Haddad, que não vai em entrevista, sabatina, televisão", resumiu Alckmin nesta quinta (6).

A candidatura de Lula ao Palácio do Planalto foi barrada pelos ministros da corte eleitoral, por 6 a 1, na madrugada do último sábado (1º) com base na Lei da Ficha Limpa em razão de ele ter condenação em segunda instância pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente está preso desde abril, em Curitiba.

O advogado da Folha, Luís Francisco Carvalho Filho, criticou a ação dos advogados do ex-governador paulista. 

"Ao impugnar a pesquisa, o candidato Geraldo Alckmin revela seu lado obscurantista. Maneja o recurso indecente da censura para trazer desinformação ao processo político", afirmou.

A decisão do TSE contra Lula estabeleceu que o PT pode substitui-lo até o dia 11 —Haddad é o favorito para assumir seu posto de candidato à Presidência da República. 

Segundo os advogados de Alckmin, na ação, "tem-se que ainda não existe pedido de registro de candidatura à Presidência da República pela Coligação Brasil Feliz, sendo certo, ainda, que Fernando Haddad não é candidato ao cargo titular, visto que está registrado como candidato a vice-presidente". 

 "A pesquisa em apreço não retrata o quadro eleitoral do momento em que está sendo realizada e do momento em que seu questionário é submetido ao registro", diz o pedido ao TSE.

A defesa do candidato do PSDB pede ainda que o Datafolha "seja proibido de divulgar a pesquisa eleitoral ora impugnada até solução definitiva do presente incidente de impugnação de pedido de registro".

“Se o PT quer estar na pesquisa, tem que ter candidato”, disse nesta quarta-feira (5) à Folha o advogado Ricardo Penteado, um dos que representam a coligação de Alckmin no TSE.

O Datafolha cancelou registro de pesquisa eleitoral nacional que seria realizada de 4 a 6 de setembro devido à decisão do TSE que rejeitou o registro de candidato de Lula. O registro da pesquisa para presidente da República, de código BR-02553/2018, havia sido feito na sexta-feira (31), antes do término da votação do TSE que vetou a candidatura de Lula, na madrugada de sábado (1º). 

Como o questionário contemplava cenário com o nome do candidato impedido, o instituto decidiu não aplicá-lo e realizar um novo registro para divulgar os resultados no dia 10.

CENSURA RETIRADA

Horas após a declaração do presidenciável, os advogados de Geraldo Alckmin desistiram de pedir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) a censura de pesquisa eleitoral nacional do Datafolha. 

Segundo a defesa do tucano, a "desistência leva em conta o direito à informação corretamente manifestado pelos veículos e meios de comunicação contratantes da pesquisa". 

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