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Investigação sobre Kassab ameaça queimar largada do governo Doria

Parece haver pouca alternativa ao governador eleito se o futuro secretário se enrolar mais

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São Paulo

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), cuidou meticulosamente da montagem de seu secretariado para dar ares de ministério à equipe que assumirá o maior ente da Federação a partir de janeiro. Egressos do primeiro escalão federal, a estrela Henrique Meirelles (Fazenda) à frente, pontuam o time.

O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, durante um evento
O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, que está sob investigação - Bruno Santos - 13.nov.2018/Folhapress

Desde que disputou um duro segundo turno contra Márcio França (PSB), Doria herdou as batatas do tucanato destroçado de 2018. Tornou-se líder, mesmo que contestado pela velha guarda crepuscular, do que sobrou do partido de Fernando Henrique Cardoso. Cacifou-se imediatamente ao voo maior, buscando o Planalto.

Não é por nada menos que isso que Jair Bolsonaro e seu entorno são reticentes na aliança que Doria propugnou com o agora presidente eleito já na campanha. No poder, ambos podem se beneficiar bastante de parcerias, em especial se a ideia de liderar uma estratégia nacional de segurança pública com a chegada do general João Camilo de Campos à secretaria do setor.

E havia Gilberto Kassab. O mentor do PSD, considerado por muitos o político mais arguto do país, foi fundamental para pavimentar a candidatura Doria ao governo estadual. Recompensado com a chefia da Casa Civil, poderoso instrumento político, Kassab parecia o homem certo no lugar certo.

Exceto pelo fato óbvio: pendem sobre a cabeça do hoje ministro diversas acusações sérias. Aqui é indiferente se ele é inocente ou culpado ou vice-versa. Na política, o habilidoso Kassab sempre soube submergir para o bastidor quando sua chapa esquentou.

Agora, está em evidência, e periga queimar a largada do governo Doria com o caso da JBS: como dizem os chineses, basta um pedaço de carne estragada para arruinar o cozido. O agravante: Doria elegeu-se com forte discurso de combate à corrupção.

Claro, tudo poderá estar esquecido em algum tempo. Mas se a investigação se aprofundar e Kassab acabar ainda mais enrolado, restará a Doria dar-lhe a opção da saída Henrique Hargreaves (referência ao chefe da Casa Civil afastado por Itamar Franco até que sua inocência estivesse provada) ou simplesmente limar o aliado.

De uma forma ou de outra, Doria está numa sinuca complexa, que talvez apenas Kassab possa solucionar.

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