O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), levou seu candidato à sucessão no comando da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para um almoço com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nesta quinta-feira (24), no Palácio da Alvorada.
De acordo com uma pessoa familiarizada com as articulações envolvendo a candidatura de Pacheco, o encontro foi uma confraternização de Natal a convite de Bolsonaro e durou aproximadamente duas horas. Pacheco ainda não foi oficialmente lançado candidato no Senado.
Na conversa, foi feito um balanço do ano e, segundo essa pessoa, Bolsonaro agradeceu a Alcolumbre por ter evitado o agravamento de crises em momentos de tensão entre Executivo e Legislativo.
Um interlocutor de Alcolumbre definiu o almoço desta quinta como um gesto de Bolsonaro de que não fará resistência à candidatura de Pacheco.
O presidente do Senado saiu do Alvorada dizendo a pessoas próximas que ficou claro para ele que o Palácio do Planalto não fará campanha aberta para Pacheco, mas também não patrocinará outro nome nem atrapalhará o senador mineiro.
No início do mês, auxiliares de Bolsonaro indicavam que o presidente tinha preferência por um nome do MDB, partido que tem a maior bancada do Senado e que abriga os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (PE), e no Congresso, Eduardo Gomes (TO).
Em uma conversa anterior, Bolsonaro já havia indicado a Alcolumbre que apoiaria seu escolhido. Nesta quarta-feira (23), as chances de apoio a um nome de MDB no Senado diminuíram ainda mais com a definição de que o grupo do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), apoiará para sua sucessão na Casa vizinha o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), líder da legenda na Casa e presidente nacional do partido.
Além disso, o MDB no Senado está dividido. Além de Bezerra e Gomes, têm interesse na cadeira de Alcolumbre o líder do partido no Senado, Eduardo Braga (AM), e a presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Simone Tebet (MS).
Alcolumbre saiu do Alvorada e seguiu para o Amapá, onde passará o Natal com a família. Ele retornará a Brasília ainda em dezembro. A partir de janeiro, pretende viajar pelo país em campanha por Rodrigo Pacheco. Hoje ele contabiliza no máximo 25 votos a favor de seu candidato. São necessários 41 votos para eleger o presidente da Casa.
Depois de dois anos no comando do Senado, Davi Alcolumbre deixará o cargo em fevereiro. O senador já foi sondado pelo Executivo para assumir um ministério, mas tem sido desaconselhado por auxiliares.
Se, por um lado, ir para o governo abriria a vaga de senador para seu irmão e primeiro suplente, Josiel Alcolumbre (DEM-AP), derrotado na eleição para prefeito de Macapá (AP), por outro, Davi tem sido orientado a permanecer no Senado para viabilizar sua reeleição em 2022. A decisão, porém, só será tomada em fevereiro.
“Acompanhei, em Brasília, nesta quinta-feira, visita que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, fez ao presidente da República, Jair Bolsonaro, para desejar-lhe boas festas. Ao final do encontro, o presidente Bolsonaro nos convidou para um almoço informal, que não constava da agenda”, disse Pacheco em nota.
A Folha tentou contato com Alcolumbre, mas ele não respondeu. O Palácio do Planalto informou que Bolsonaro não tinha agenda oficial nesta quinta. Há previsão apenas de que faça sua live semanal e um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV.
Pela manhã, Bolsonaro foi a um hospital em Brasília para acompanhar uma endoscopia a que foi submetido um de seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).
Bolsonaro havia passado o início da semana em uma praia em Santa Catarina e retornou a Brasília na quarta-feira. Ele passa o Natal na capital federal e deve viajar para Guarujá, no litoral de São Paulo, no sábado (26). A expectativa é que ele passe o Ano-Novo no local.
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