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Eduardo Bolsonaro condena agressão a Vera Magalhães e vê constrangimento injustificável

Deputado estadual Douglas Garcia atacou jornalista após debate entre candidatos a governador

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São Paulo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) saiu em defesa de Vera Magalhães após a jornalista ser atacada pelo deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (Republicanos) na noite desta terça (13).

"O que ocorreu ontem após o debate dos candidatos ao Governo de SP é lamentável por muitos motivos", afirmou Eduardo em suas redes sociais. "Não há justificativa para provocar uma jornalista e tentar constrangê-la gratuitamente no seu local de trabalho, sem que ela tenha dado qualquer motivo para isso."

Depois do fim do debate, Douglas se sentou ao lado de Vera e, gravando com um celular, perguntou se ela recebeu dinheiro para falar mal do governo Jair Bolsonaro (PL). O deputado afirmou ainda que ela seria "uma vergonha para o jornalismo brasileiro", repetindo ofensa dita pelo presidente. No final de agosto, Bolsonaro se exaltou durante debate entre presidenciáveis ao ser questionado por Vera sobre políticas de vacinação.

Na ocasião, o chefe do Planalto disse: "Vera, não podia esperar outra coisa de você. Acho que você dorme pensando em mim. Você tem alguma paixão por mim. Você não pode tomar partido num debate como esse, fazer acusações mentirosas ao meu respeito. Você é uma vergonha para o jornalismo brasileiro".

Eduardo, que não fez reparos ao pai, afirmou nesta quarta que "nossas atitudes têm consequências aos nossos aliados e a nossos eleitores". "Já passou da hora de entendermos que, quando somos eleitos ao Congresso ou ao Legislativo de um estado, não podemos agir como se estivéssemos na internet."

Douglas e Eduardo romperam publicamente em junho do ano passado.

"Parei de seguir Douglas, assim como ele já fez comigo, e bloqueei outros assessores seus que me batem sem qualquer motivo também", afirmou o filho do presidente no Twitter. "Para ler porrada e receber energia negativa me bastam a grande mídia e partidos de esquerda."

Na época, o deputado federal reclamava das críticas que Edson Salomão, ex-chefe de gabinete de Douglas, tecia contra o governo Bolsonaro. "Não vou prolongar, pois tudo o que escreveu revela mais o seu rancor e o ego ferido porque ousei criticar um ministro do governo do seu pai, que aliás, continuo apoiando", afirmou Salomão em resposta a Eduardo.

Douglas também se manifestou e disse que Eduardo "se acovardou" na época do "dossiê antifascista". O documento, segundo o deputado entregue apenas a autoridades, tinha nome, foto, endereço, telefone e número de documento de quase mil críticos do presidente e acabou vazando na internet.

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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) durante reunião na Câmara dos Deputados, em Brasília (DF) - Pedro Ladeira - 27.nov.19/Folhapress

Bolsonaro tem um longo histórico de ataques a jornalistas durante o seu mandato. Em dezembro de 2019, após ser questionado sobre o suposto esquema de "rachadinha" no gabinete de seu filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o presidente afirmou que o repórter tinha "uma cara de homossexual terrível".

No início de 2020, ele insultou a repórter da Folha Patrícia Campos Mello com insinuações sexuais. A jornalista foi responsável por revelar o esquema de disparos de mensagens em massa contra o PT no WhatsApp nas eleições de 2018. O próprio Eduardo Bolsonaro foi condenado, em janeiro do ano passado, a indenizar a repórter em R$ 30 mil por danos morais, após repetir as insinuações do pai.

O deputado também debochou da tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, durante a ditadura militar. Em abril deste ano, o parlamentar compartilhou uma imagem de sua coluna no veículo e escreveu: "Ainda com pena da [emoji de cobra]".

Míriam foi presa e torturada enquanto estava grávida por agentes do governo durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985). Em uma das sessões de tortura, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra.

A apresentadora da CNN Brasil Daniela Lima também foi alvo do presidente, quando ele a chamou de "quadrúpede".

Grande parte das ofensas da família é dirigida a mulheres. Agora, a campanha do presidente faz um esforço para reduzir a resistência feminina nas eleições de outubro.

Entre as mulheres, Bolsonaro tem 29% das intenções de voto, contra 46% de Lula, o líder nos levantamentos. O atual presidente é visto por 51% dos eleitores como o presidenciável que mais ataca as mulheres, de acordo com a última pesquisa Datafolha.

A estratégia para tentar minimizar a imagem machista do presidente tem sido as aparições da primeira-dama Michelle, que desde a convenção para oficializar a candidatura à reeleição faz discursos com apelo religioso e troca demonstrações de carinho com o marido.

Para Bolsonaro, a dificuldade para atrair o voto de eleitoras cresceu após o primeiro debate, no qual atacou Vera e a candidata do MDB, a senadora Simone Tebet. Depois, o presidente também insultou a jornalista Amanda Klein, em sabatina na Jovem Pan, e capturou o momento da celebração do Bicentenário da Independência para puxar o coro de que é "imbrochável".

Em nova propaganda na TV para tentar conquistar o voto do eleitorado feminino, o presidente explorou na terça-feira (13) uma gafe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre violência doméstica e voltou a exaltar Michelle. A campanha também listou o que seriam feitos de seu governo às mulheres durante seu mandato, como a sanção das leis Mariana Ferrer e da violência psicológica –iniciativas que partiram do Legislativo–, além do registro de títulos de terra em nome de mulheres.

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