Descrição de chapéu Eleições 2022

Meu apoio a Bolsonaro é antigo, não aproveito onda, diz tucano de MS em sabatina

Eduardo Riedel afirma que Capitão Contar, adversário na disputa ao governo do estado, tem apenas discurso pró-presidente

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Curitiba e Ribeirão Preto

Candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) disse ter uma posição definida em relação a Jair Bolsonaro (PL), a quem apoia, e que o fato de o presidente ter citado seu rival, Capitão Contar (PRTB), durante debate na TV Globo ocorreu "num momento de tensão".

Riedel foi entrevistado na série de sabatinas da Folha e do UOL com candidatos ao governo de alguns dos estados nos quais haverá segundo turno. Seu adversário alegou problemas de agenda e não aceitou o convite para participar.

O candidato ao governo do Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel (PSDB) durante sabatina
O candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul Eduardo Riedel (PSDB) durante sabatina - Reprodução

Segundo Riedel, que passou ao segundo turno com 25,1% dos votos válidos —atrás de Contar, que obteve 26,7%—, a posição de Bolsonaro de anunciar apoio ao adversário se deu "num calor de debate com uma senadora aqui do estado de Mato Grosso do Sul", se referindo a Soraya Thronicke (União Brasil).

"O presidente falou aquilo naquele momento de tensão, na madrugada, pressionado, e colocou aquela posição. Mas isso não muda o meu posicionamento político, ele é livre também para escolher a opção, a preferência que ele tem. Logo depois ele veio a público neutralizar o posicionamento dele no debate e o fez por duas vezes", disse Riedel.

De acordo com o candidato tucano, sua posição favorável à reeleição do presidente é antiga. "E o meu adversário só tem esse discurso e essa fala. Já eu tenho um projeto para Mato Grosso do Sul."

O candidato foi questionado sobre temas como um eventual risco de golpe caso o presidente perca as eleições, a crise política pela qual passa o seu partido (PSDB), os problemas enfrentados no Pantanal, a política ambiental do atual governo, a questão indígena e o peso do agro no estado e na eleição.

Riedel disse não acreditar em risco de golpe, afirmou que as instituições brasileiras são sólidas e que não vê riscos de as Forças Armadas fugirem de seu papel constitucional.

No PSDB há 19 anos, o candidato concorre pela primeira vez em uma eleição. Empresário que faz parte do setor do agronegócio, chegou à vice-presidência da Confederação Nacional da Agricultura e presidiu a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul).

Neste ano, os tucanos elegeram apenas 13 deputados federais, o que faz a sigla ter o tamanho de legendas menores no Congresso, além de perderam a hegemonia de quase 30 anos governando São Paulo.

Diante deste cenário, cujo capítulo mais recente foi o anúncio de desfiliação do ex-governador de São Paulo João Doria, e que inclui disputas ideológicas entre membros mais antigos e integrantes mais novos, Riedel propõe uma discussão interna.

"Se não fizer em âmbito nacional, o partido vai cada vez mais perder espaço por falta de uma visão clara em relação ao seu posicionamento."

Ele defendeu ainda que há um movimento de reforma política em curso no país e que a legislação que determinou as regras de financiamento público de campanha, com níveis e cláusulas de barreiras, está levando a uma revisão do número de partidos.

"Não dá para conviver com 40 siglas, nominar 40 linhas de ideologia em relação ao pensamento público. Um dos partidos tem que fazer essa discussão."

Riedel afirmou que o Pantanal enfrenta um dos chamados "ciclos de dez anos", com cheias e secas se alternando, e que ações preventivas devem ser tomadas para impedir que queimadas, como ocorreu em 2020, contribuam para a destruição do bioma. Disse ainda que criminosos que atuam na região devem ser punidos.

Para o candidato tucano, características específicas da região pantaneira fizeram com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obtivesse uma forte votação nas cidades que integram o bioma, tanto em Mato Grosso do Sul quanto em Mato Grosso.

"Nós temos ali uma história do Partido dos Trabalhadores. Vamos lembrar que ali tem uma origem do senador Delcídio [do Amaral], candidato a governador, senador do estado, ele é de lá. Então não é só uma questão do presidente Lula, tem uma história do partido vinculado a lideranças locais que tiveram a sua base, sua formação aqueles municípios. Então explica um pouco dessa situação, desse resultado."

Questionado sobre a política ambiental do governo do presidente Jair Bolsonaro, período em que houve aumento no desmatamento da Amazônia, críticas internacionais e forte atuação de garimpeiros ilegais, Riedel afirmou que o Código Florestal formou um consenso e que, o fato de ter sido criticado por produtores rurais e ambientalistas "mostra um pouco que deve ter sido um bom consenso".

Afirmou também que Bolsonaro é criticado internacionalmente "talvez por falar algumas coisas que, internacionalmente, não gostem".

"E nós temos, no Norte do país, que é a região mais sensível por conta do bioma amazônico, um problema fundiário seríssimo, que tem que ser enfrentado, que tem nesse problema, muitas vezes, a base da questão ambiental, então, eu acho que a gente tem que ter cuidado para analisar essa situação, entender a complexidade da situação e buscar a solução."

Em Mato Grosso do Sul, o candidato tucano afirmou que vai trabalhar na prevenção e estruturação de combate a incêndios, mas disse que queimadas intencionais provocadas por agropecuaristas não são mais corrente no estado. "A conscientização aumentou muito."

A entrevista foi conduzida pelos jornalistas Marcelo Toledo, da Folha, Kennedy Alencar e Leonardo Sakamoto, do UOL.

Na parte final da sabatina, Riedel disse ser contra o uso de câmera no uniforme dos policiais militares e a legalização da maconha e que as cotas raciais como estão precisam ser modificadas —com vínculo a questões sociais.

Afirmou ser a favor da privatização da Petrobras e que a reforma trabalhista deve continuar sendo mais aberta a não tributação, mas garantindo direitos dos trabalhadores.

As sabatinas são transmitidas nos sites da Folha e do UOL e têm duração de uma hora. A rodada final das disputas estaduais ocorrerá em 30 de outubro em 12 estados do país.


Veja as datas e participações já confirmadas


Rio Grande do Sul

  • Eduardo Leite (PSDB) - 18/10 - 10h
  • Onyx Lorenzoni (PL) - alegou não ter agenda e não aceitou participar

Mato Grosso do Sul

  • Eduardo Riedel (PSDB) - 20/10 - 10h
  • Capitão Contar (PRTB) - alegou problemas de agenda e não aceitou participar

Pernambuco

  • Marília Arraes (Solidariedade) - a definir
  • Raquel Lyra (PSDB) - 24/10 - 10h

Bahia

  • Jerônimo Rodrigues (PT) - 25/10 - 16h
  • ACM Neto (União Brasil) - não confirmado

São Paulo

  • Fernando Haddad (PT) - 26/10 - 10h
  • Tarcísio de Freitas (Republicanos) - declinou do convite

"Por decisão da coordenação da campanha, Tarcísio de Freitas precisará reajustar a agenda de debates e de sabatinas, já que há muitos sendo agendados para um período tão curto neste segundo turno. Por isso, o candidato irá declinar da participação na sabatina Folha/UOL", afirmou a campanha do bolsonarista.

Santa Catarina

  • Décio Lima (PT) - 26/10 - 16h
  • Jorginho Mello (PL) - alegou problemas de agenda e não aceitou participar
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