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Tarcísio e Haddad planejam campanha a reboque de Bolsonaro e Lula na reta final

Última semana antes do segundo turno tem eventos com padrinhos na Grande SP e debate na TV Globo

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São Paulo

Na última semana antes da votação do segundo turno, no próximo dia 30, os candidatos ao Governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), planejam fazer campanha a reboque de seus padrinhos, os presidenciáveis Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT).

Na reta final da campanha, tanto Lula quanto Bolsonaro decidiram priorizar eventos públicos em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, estados que concentram votos no país. A estratégia facilitou a ocorrência de agendas casadas com Haddad e Tarcísio, o que deve se repetir nos próximos dias.

As campanhas de Tarcísio e de Haddad planejam aparecer ao lado de seus respectivos padrinhos em atos previstos para a capital e região metropolitana. O principal evento da semana, porém, é o debate da TV Globo, na próxima quinta-feira (27).

Debate na Band entre Fernando Haddad (PT) e Tarcísio de Freitas (Republicanos), no último dia 10 - Bruno Santos/Folhapress

Depois de um debate nacionalizado, mas civilizado na TV Band, no último dia 10, as campanhas esperam um novo encontro em tom ameno, apesar de haver risco de que os ataques feitos nos últimos dias em peças de TV e redes sociais escapem para o programa.

Como mostrou a Folha, Haddad tem usado críticas a atuação de Bolsonaro na pandemia e apontado um descaso do governo federal com São Paulo para atingir Tarcísio. No último debate, o petista questionou se Tarcísio traria para o estado o orçamento secreto e os sigilos de 100 anos.

Por isso, estrategistas de Tarcísio avaliam que o candidato deve buscar trazer o debate para temas do estado e elencar propostas em vez de se ocupar em justificar ações de Bolsonaro.

Uma preocupação da campanha petista nos próximos dias foi externada por Haddad durante carreata na sexta-feira (21). "A gente espera uma avalanche de fake news", disse o candidato, orientando que as pessoas busquem as fontes das informações.

A equipe de Tarcísio também tem uma questão para resolver —a confusão com o número do candidato. Como mostrou a Folha, 1 a cada 4 votos nulos no primeiro turno foi anulado a partir da digitação do número 22, que corresponde ao partido de Bolsonaro, não de Tarcísio.

Aliados do bolsonarista acreditam que mais de 521 mil votos nulos com o número 22 eram, na verdade, destinados a ele, mas houve erro do eleitor. Por isso, uma peça que fixe o número 10 passou a ser exibida na TV.

A última pesquisa Datafolha, divulgada na quarta-feira (19), mostra vantagem de Tarcísio, com 49% das intenções de voto ante 40% de Haddad. Em São Paulo, Bolsonaro tem 47%, e Lula, 43%.

Tarcísio venceu o primeiro turno com 42,32% dos votos válidos, enquanto Haddad teve 35,7%. O bolsonarista teve ampla vantagem no interior, e o petista ficou à frente na capital e região metropolitana.

Segundo o levantamento do Datafolha, Tarcísio marca 40% na região metropolitana e 56% no interior, enquanto Haddad tem 48% na região metropolitana e 33% no interior.

Os petistas viram na pesquisa espontânea do Datafolha, que mostra Haddad um ponto à frente do rival e 18% de eleitores indecisos, um sinal de que uma virada no estado é possível. O candidato afirmou estar otimista com base em pesquisas qualitativas internas.

Já a campanha de Tarcísio calcula ter larga vantagem —o candidato tem repetido contar com uma maioria política, depois que a massa de prefeitos, deputados e vereadores que apoiavam o PSDB, além do próprio governador Rodrigo Garcia (PSDB), migraram para seu time.

A equipe do bolsonarista avalia que não há possibilidade de que Tarcísio e Bolsonaro vençam na região metropolitana, mas querem diminuir a vantagem do PT.

Na reta final, Tarcísio cancelou entrevistas e participação em debates para dar prioridade a acompanhar as agendas presidenciais no estado, que tem focado a capital e seu entorno. Com isso, o candidato do Republicanos encampou compromissos que miram o eleitor conservador.

Ele esteve com Michelle Bolsonaro em eventos religiosos na quarta, acompanhou Bolsonaro em encontro com lutadores na sexta e em comício em Guarulhos neste sábado (22). Neste domingo (23), deve participar de evento evangélico e de reunião com religiosos —também ao lado do presidente.

Depois de uma semana que começou conturbada com um tiroteio durante uma visita de Tarcísio a Paraisópolis na segunda-feira (17), o candidato demonstrou força política nos últimos dias com um comício para prefeitos do interior e um jantar para 85 prefeitos e deputados, no Palácio dos Bandeirantes.

Nos dois eventos, Bolsonaro foi o protagonista, e Rodrigo, além de anfitrião, atuou como cabo eleitoral e subiu o tom nas críticas contra o PT. O tucano afirmou que São Paulo poderia dar a vitória ao presidente na eleição nacional.

"Aqui, presidente, ganhamos por 1,8 milhão no primeiro turno e temos que passar para 4 milhões de votos para tirar essa diferença", disse.

Adversários do PT veem uso da máquina pública na campanha levada a cabo por prefeitos e deputados no interior, além de uso indevido do Palácio dos Bandeirantes, onde um tapete vermelho recebeu Bolsonaro. O partido chegou a tentar impedir o evento na Justiça, mas não teve êxito.

Haddad tem repetido que sua estratégia na reta final é consolidar a vantagem já alcançada na região metropolitana e na periferia. Por isso, tem reforçado sua presença —na sexta esteve em Diadema e, na quarta, em Guarulhos. Fez carreata na zona norte da capital paulista, na quinta, e esteve com Lula na zona leste, na segunda, além de visitar Brasilândia neste sábado.

Ao mesmo tempo, a campanha busca comunicar com o interior. Haddad tem concedido entrevistas para rádios e canais de todo o estado e programa uma viagem para Ribeirão Preto.

No segundo turno, o petista multiplica sua presença no estado por meio de aliados. A principal aposta é o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) que, apesar de vice na chapa de Lula, não tem viajado com o presidenciável para poder percorrer o interior paulista em missão dupla: promover Haddad e o ex-presidente.

Além de Alckmin, a vice de Haddad, Lúcia França (PSB), e sua mulher, Ana Estela Haddad (PT), e a esposa do ex-governador, Lu Alckmin (PSB), adotaram agendas próprias nos últimos dias.

Outra tática que a campanha de Haddad tem usado para atingir as cidades paulistas é direcionar anúncios do Google com propostas específicas para cada região. Por exemplo, em Campinas, há propaganda que trata do trem intercidades, enquanto o bilhete único metropolitano é promovido para internautas do entorno da capital.

O petista também explora o fato de que Tarcísio é nascido no Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que reforça a ligação da sua família com São Paulo. Na sequência de entrevistas que concedeu na semana passada, Haddad afirmou que seu adversário não tem propostas porque não conhece o estado.

Os temas que repercutem negativamente para Tarcísio identificados e martelados pela campanha do PT são a ameaça de retirar as câmeras da PM apesar dos bons resultados e a eventual privatização da Sabesp por Tarcísio.

Nas peças exibidas na TV e nas redes sociais, os candidatos têm trocado ataques. A campanha do PT criou o slogan "Bolsonaro e Tarcísio. Aqui não".

A propaganda de Tarcísio afirma que Haddad foi o pior prefeito de São Paulo e criou o "bolsa crack", em referência ao programa De Braços Abertos, na cracolândia. Um dos vídeos mostra o porto de Mariel e diz que "o partido de Haddad fez obra em Cuba" e que "essa mamata precisa acabar".

Colaboraram Artur Rodrigues, Carlos Petrocilo e Mariana Zylberkan

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