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PL, PP e PT são os que mais terão emendas 'cheque em branco' em 2023

Após decisão do STF, Congresso quase dobra o valor dessas emendas criticadas pela falta de transparência e fiscalização

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Brasília

PL, PP e PT são os três partidos que lideram a lista de siglas com mais parlamentares que terão emendas ‘cheque em branco’ no próximo ano.

O Congresso quase dobrou o valor a ser repassado diretamente a governos estaduais e prefeituras, sem uma destinação específica, por meio dessas emendas, que são criticadas pela falta de transparência.

Esse tipo de transferência não exige a assinatura prévia de um convênio e previsão de uso de recursos para um projeto ou programa previamente determinado. Por isso, as "emendas sem carimbo" são questionadas por órgãos de controle, diante da dificuldade de acompanhar o gasto de dinheiro público.

O valor delas passou de R$ 3,7 bilhões para R$ 6,7 bilhões no Orçamento de 2023. Esse aumento se deu por causa do acordo de redistribuição da verba das emendas de relator, extintas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) na semana passada.

Lula (esq.), Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (dir.) durante evento em Brasília
Lula (esq.), Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (dir.) durante evento em Brasília - Ueslei Marcelino - 12.dez.2022/Reuters

O PL terá R$ 847 milhões em emendas de transferência direta no próximo ano. O PP indicou R$ 800 milhões nessa modalidade, e o PT, R$ 675 milhões.

Emendas são formas de congressistas reservarem recursos públicos do Orçamento federal e enviarem dinheiro para obras e projetos em suas bases eleitorais. Isso aumenta o capital político dos parlamentares.

Hoje existem quatro tipos de emendas: as individuais (a que todo deputado e senador têm direito), as de bancada (parlamentares de cada estado definem prioridades para a região), as de comissão (definida por integrantes dos colegiados do Congresso) e as do relator (que foram declaradas inconstitucionais e eram distribuídas por critérios políticos, permitindo que congressistas mais influentes possam abastecer seus redutos eleitorais).

Em meio a embates com o governo Jair Bolsonaro (PL), o Congresso aprovou, em dezembro de 2019, uma mudança na Constituição para criar um mecanismo que libera emendas individuais na forma de transferência direta. O argumento foi dar celeridade aos recursos para estados e municípios.

A proposta foi apresentada por Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2015, quando ela era senadora. Atualmente, Gleisi é deputada e presidente nacional do PT.

Portanto, desde o fim de 2019, a Constituição passou a prever que esses repasses diretos podem ser feitos no caso de emendas individuais, sem um limite de valor.

Antes do acordo sobre a redistribuição das emendas de relator, o projeto de Orçamento estimava R$ 11,7 bilhões para emendas individuais. Esse valor subiu para R$ 21,2 bilhões –sendo R$ 6,7 bilhões alocadas na modalidade "cheque em branco".

As emendas sem carimbo devem ser fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelos órgãos de controle interno e tribunais de contas dos respectivos entes.

Mas, desde então, integrantes do TCU têm apontado riscos à liberação desse dinheiro sem a devida transparência por causa do vácuo na fiscalização.

Como os recursos são repassados de forma direta, os contratos e processos orçamentários não ocorrem na esfera federal. Mas os órgãos de controle estaduais também não têm verificado a aplicação da verba.

Quando a emenda é executada pelos ministérios e Executivo federal, é necessário assinar convênios, contratar empresas e comprovar a capacidade de execução da obra, por exemplo.

Na modalidade de emenda sem carimbo, o parlamentar deixa pouco rastro no Orçamento federal. A indicação é feita somente com o nome do deputado ou senador, além do estado ou município que irá receber o dinheiro.

No caso desse tipo de emenda, os governadores e prefeitos decidem onde irão aplicar os recursos.

Gleisi reservou R$ 6 milhões em emenda individual "cheque em branco". A verba será dividida entre o estado do Paraná e os municípios de Colombo e Pontal do Paraná.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também fez indicações nessa modalidade. Ele terá R$ 16 milhões para o estado de Alagoas.

A cota de R$ 16 milhões é a maior da Câmara. Lira e outros 60 deputados reservaram esse montante para emendas sem carimbo.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ficou com R$ 23 milhões a serem distribuídos a Minas Gerais.

No Senado, a maior cota será de R$ 29,5 milhões. O ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e outros cinco senadores terão direito a essa verba em emendas "cheque em branco" no próximo ano.

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