Descrição de chapéu Governo Lula

Lula acumula gafes, ilações e falas preconceituosas desde a campanha; relembre

Presidente volta a fazer declarações polêmicas e relaciona beleza a imagem sem andador e muleta

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São Paulo

O presidente Lula (PT) acumula uma série de gafes desde o período da pré-campanha eleitoral.

Com temas variados, a verborragia do petista tem deixado o campo do folclore político e passado a preocupar aliados e integrantes do governo, como mostrou a Folha.

A mais recente é uma gafe envolvendo a qualificação de mulheres para o mercado de trabalho. O mandatário disse que mulheres com formação não dependeriam de seus pais para comprarem batom ou calcinhas.

Em outra declaração polêmica, Lula defendeu investimentos na educação e afirmou que nenhuma mulher quer namorar com quem tem como profissão ajudante geral. A declaração ocorreu no dia 7 de fevereiro, em discurso no Complexo do Alemão.

No dia 2, o presidente disse a uma mulher negra que "afrodescendente assim gosta de um batuque". A declaração ocorreu em um evento de anúncio de investimento da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP) e gerou críticas nas redes sociais.

O presidente Lula discursa em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília
O presidente Lula discursa em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília - Adriano Machado - 21.mar.23/Reuters

Ainda, declarações de Lula abriram uma crise diplomática com o governo israelense. Na ocasião, o presidente afirmou que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio e ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler.

Entre outras falas polêmicas estão a afirmação, sem provas, que a Operação Lava Jato foi uma mancomunação de juízes e procuradores "subordinados ao departamento de Justiça dos Estados Unidos", além de relacionar beleza ao uso de muleta após cirurgia, uma "profunda gratidão" pela África pelo que foi produzido no período de escravidão, e falas sobre o peso do ex-ministro da Justiça Flávio Dino.

Relembre declarações embaraçosas recentes de Lula:

'Mulher com profissão não depende do pai para comprar batom e calcinha' (12.mar.24)

Lula disse que mulher com formação não depende do pai para comprar calcinha ou batom, ao falar da independência financeira que traz uma profissão com qualificação. A declaração foi dada durante discurso na cerimônia de anúncio da construção de 100 novos campi de institutos federais no país.

"Quando uma mulher tem profissão, ela tem salário e ela pode custear a vida dela, ela não vai viver com nenhum homem que não goste dela. Ela não vai viver com necessidade, não vai viver por dependência. Vai viver a vida dela, morar com alguém, se gostar desse alguém. Vai ter a opção dela, ela vai escolher", disse o petista.

"Ela não vai ficar dependente 'ah eu preciso do meu pai me dar 5 reais para comprar batom', 'preciso do meu pai me dar 10 reais para comprar uma calcinha', 'preciso não sei das quantas para comprar tal coisa'", continuou.

Lula compara ação de Israel em Gaza à de Hitler contra judeus (18.fev.24)

Lula afirmou que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio e ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler.

"Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou.

A comparação foi feita durante entrevista a jornalistas no hotel em que Lula ficou hospedado em Adis Abeba, a capital etíope, durante sua viagem ao continente africano, e as declarações abriram uma nova crise diplomática com o governo israelense, que convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv para uma "chamada de reprimenda".

Mandatário diz que 'nenhuma mulher quer namorar' ajudante geral (07.fev.24)

Em discurso no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, o presidente defendeu investimentos na educação e afirmou que nenhuma mulher quer namorar com quem tem como profissão ajudante geral. Lula visitou a comunidade para anunciar o lançamento de um instituto federal, ao lado de autoridades como o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o ministro da Educação, Camilo Santana (PT).

Em trecho de sua fala, Lula afirmou que o país sempre foi governado por quem "não tinha apreço pela educação" da população.

"Nenhuma mulher quer namorar com um cara que mostra carteira profissional, qual é a sua profissão? Ajudante geral. A mulher fala: 'Pô cara, nem uma profissão você tem, para levar o feijão e o arroz para casa no final do mês, e as crianças que vão nascer, como é que a gente vai cuidar?' Então, tem que estudar."

Presidente quase chama Eduardo Paes de Sérgio Cabral (07.fev.24)

No mesmo dia em que disse que "nenhuma mulher quer namorar" ajudante geral, Lula quase chamou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), pelo nome do ex-governador Sérgio Cabral (MDB). Em discurso durante evento na cidade, o presidente chegou a chamar o aliado pelo primeiro nome do ex-governador, condenado na Operação Lava Jato. Eduardo Paes riu da confusão.

"Os projetos que o Sérgio....que o Eduardo apresentou são pertinentes. Eu não sei se vou atender todos, mas pode ficar certo que uma boa parcela deles a gente vai atender", disse Lula.

Lula diz que 'afrodescendente assim gosta de um batuque' (02.fev.24)

O presidente disse a uma mulher negra que "uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor" durante um evento de anúncio de investimentos da Volkswagen em São Bernardo do Campo (SP). A declaração se deu no dia 2 de fevereiro e gerou reação nas redes sociais.

Lula apresentou a mulher no palco e listou possibilidades para a presença dela no evento. "Eu falei: ela é cantora, ela vai cantar. Aí perguntei, [me responderam] 'não, não vai ter música'. Então ela vai batucar alguma coisa. Uma afrodescendente assim gosta de um batuque, de um tambor. Também não é. Então eu falei: nossa, é namorada de alguém. Também não é.", disse.

O presidente completou o raciocínio explicando que, na verdade, a jovem havia sido premiada por seu trabalho de aprendiz na Volkswagen. Parte de internautas e políticos apontaram racismo na fala do político. Outras pessoas, porém, afirmaram que Lula tentou simular uma linha de raciocínio baseada em estereótipos para depois desconstruí-los.

Presidente reforça ilação sobre Estados Unidos e Lava Jato (18.jan.24)

Em visita à refinaria de Abreu e Lima, em Ipojuca (PE), Lula disse, em referência à Lava Jato, ainda que sem mencioná-la explicitamente, que tudo que aconteceu no Brasil foi uma mancomunação de alguns juízes e procuradores brasileiros "subordinado ao departamento de Justiça dos Estados Unidos que queriam e nunca aceitaram o Brasil ter uma empresa como a Petrobras".

"Eles não queriam que a gente tivesse a Petrobras em 1953". É só ler editorial do Estado de São Paulo daquela época, que eles vão dizer que o Brasil não precisava de petróleo", afirmou logo após a fala sobre os americanos.

Lula relaciona beleza a imagem sem andador e muleta (26.set.23)

Ao falar sobre a cirurgia no quadril a qual será submetido, Lula disse que não será visto de andador ou de muleta depois do procedimento e fez uma relação sobre beleza e o uso desses equipamentos.

"Até lá vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente, vou trabalhar. O [secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual, Ricardo] Stuckert não quer que eu ande de andador. Ele já falou 'não vou filmar você de andador.'"

"Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado", completou.

Agradeceu à África 'por tudo o que foi produzido' na escravidão (19.jul.23)

Na primeira viagem do petista à África em seu terceiro mandato, Lula afirmou ter "profunda gratidão" pelos países do continente por tudo que foi produzido durante o período de escravidão no Brasil, e a melhor forma de retribuição aos africanos ocorreria por meio de transferência tecnológica.

A declaração ocorreu durante conferência conjunta com o premiê de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, enquanto o petista esteve no arquipélago. A ida não foi considerada uma visita de Estado, já que a comitiva parou no país para abastecer a aeronave no retorno da cúpula UE-Celac em Bruxelas.

"Nós, brasileiros, somos formados pelo povo africano. Nossa cultura, nossa cor e nosso tamanho são resultado da miscigenação de índios, negros e europeus. E temos uma profunda gratidão ao continente africano por tudo que foi produzido durante 350 anos de escravidão no nosso país", disse Lula.

Volta a fazer piada com obesidade de Flávio Dino (15.jul.2023)

Lula voltou a comentar em tom de piada a obesidade do ministro Flávio Dino (Justiça), apesar de já ter recebido críticas por menções anteriores ao tema.

Lula se referiu à obesidade de Dino durante a sua fala inicial em reunião ministerial. Esse discurso foi transmitido pelas redes oficiais do governo, mas o restante do evento será fechado.

Em um determinado momento de sua fala, o presidente ressaltou que a reunião seria longa, e por isso os ministros precisariam almoçar durante o evento, enquanto outro interlocutor estivesse com a palavra.

"Essa reunião vai demorar pelo menos umas 6 horas ou um pouco mais. Não teremos almoço. O almoço será uma comida leve servida aqui na mesa, ninguém precisa se levantar. Enquanto um fala os outros comem e assim a gente vai se revezando a nossa degustação na hora do almoço", afirmou o presidente.

"O Flávio Dino também, mas nós vamos trazer pouca comida para ele", completou, arrancando riso dos presentes. Logo depois, uma participante não identificada fala: "Isso é bullying".

Associa transtorno mental a 'desequilíbrio de parafuso' (18.abr.2023)

Em discurso durante encontro com os chefes dos Três Poderes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que pessoas com transtornos mentais têm "problema de desequilíbrio de parafuso", em fala vista como preconceituosa.

"Sempre ouvi dizer que a Organização Mundial da Saúde sempre afirmou que a humanidade deve ter mais ou menos 15% de pessoas com problema de deficiência mental. Se esse número é verdadeiro, e você pega o Brasil com 220 milhões de habitantes, se você pegar 15% disso significa que temos quase 30 milhões de pessoas com problema de desequilíbrio de parafuso. Pode uma hora acontecer uma desgraça", disse Lula, incluindo o homem que fez o ataque em Santa Catarina nessa categoria.

"Temos que pensar e analisar a saúde mental dessas crianças dentro da escola. Por que a criança não pode ser seguida pelos médicos quando começa a entrar na escola para ver o comportamento dela, para analisar. Temos que esperar ter um crime para acontecer isso?", completou.

Também estavam presentes governadores e prefeitos, para tratar de ações de prevenção à violência nas escolas.

Ilação sobre Moro (23.mar.2023)

Lula afirmou nesta quinta (23) achar ser "uma armação" do senador Moro o plano do PCC descrito pela Polícia Federal para atacar o ex-juiz da Operação Lava Jato.

"Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Quero ser cauteloso, vou descobrir o que aconteceu. É visível que é uma armação do Moro", disse o presidente.

Moro reagiu: "O senhor não tem decência?"

A ameaça contra o senador foi descrita pelo próprio ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ao divulgar a operação da PF contra a facção criminosa nesta quarta (22).

"Mas isso vou esperar. Não vou ficar atacando ninguém sem ter provas. Acho que é mais uma armação. E se for mais uma armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda. Não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que ele está mentindo", afirmou Lula, em visita ao Complexo Naval de Itaguaí (RJ), onde é desenvolvido o programa do submarino nuclear da Marinha.

O presidente expôs suspeita sobre a atuação da juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na condução da Lava Jato na Justiça Federal de Curitiba e responsável por assinar os mandados de prisão.

"Vou pesquisar o porquê da sentença. Fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele."

Ilação sobre EUA e Lava Jato (21.mar.2023)

Na terça, em entrevista ao site esquerdista Brasil 247, Lula disse que Operação Lava Jato foi orquestrada em conjunto com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para destruir empreiteiras brasileiras.

"Tenho consciência de que a Lava Jato fazia parte de uma mancomunação entre o Ministério Público brasileiro, a Polícia Federal brasileira e a Justiça americana, o Departamento de Justiça", afirmou, confundindo o Poder Judiciário e o órgão equivalente ao Ministério da Justiça nos EUA.

Ele já havia feito tal ilação sem provas antes, inclusive tentando levantá-las na Justiça brasileira, com o mesmo argumento apresentado na terça. "Era para destruir. Porque as empresas da construção civil brasileira estavam ocupando espaço no mundo inteiro", afirmou.

Lula desconsidera que só a Petrobras recebeu quase R$ 7 bilhões de volta em acordos de leniência, repatriação e colaboração de empreiteiras e outras firmas envolvidas com corrupção apurada pela Lava Jato.

Palavrão ao vivo (21.mar.2023)

Na mesma entrevista ao 247, nesta terça, o petista lembrou que, quando estava preso, dizia que "só vai estar tudo bem quando eu foder esse Moro", em referência ao ex-juiz que o sentenciou à cadeia.

Não foi o primeiro palavrão público usado por Lula em sua carreira política, longe disso, como o episódio em que chamou o então presidente Itamar Franco de "FDP" em 1993 lembra. O emprego do recurso, algo que aconteceu pontualmente em seus primeiros mandatos, tornou-se comum no governo de Bolsonaro.

Obesidade de Flávio Dino (15.mar.2023)

Lula falou sobre a obesidade do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), em um evento público e foi alvo de críticas de opositores em redes sociais.

Lula classificou a obesidade como uma doença que causa tanto mal quanto a fome, sendo necessário cuidado do Estado para este problema, e disse que Dino agora estaria se exercitando, andando de bicicleta, por estar acima do peso.

"Aqui ninguém está com excesso de magreza, a não ser o nosso poeta. O restante está tudo com um pouco de obesidade, que também é uma doença que nós precisamos cuidar. A nossa médica que é ministra da Saúde sabe perfeitamente bem que a obesidade causa tanto mal quanto à fome. E por isso que o Flávio Dino está andando de bicicleta, porque ele sabe que isso vai precisar que o Estado cuide com muito carinho desse mal", disse.

Escravidão x miscigenação brasileira (13.mar.2023)

O presidente Lula foi alvo de críticas ao relacionar escravidão com a miscigenação brasileira.

"Resolveram contar a história que os índios eram preguiçosos e, portanto, era preciso trazer o povo negro da África para produzir nesse país. Ora, toda a desgraça que isso causou ao país causou uma coisa boa, que foi a mistura, a miscigenação. Da mistura entre indígenas, negros e europeu, permitiu que nascesse essa gente bonita aqui", afirmou o petista enquanto visitava a terra indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima.

Associa capiau do interior a pessoa ignorante (23.set.2022)

Em setembro de 2022, Lula se referiu a Bolsonaro como "ignorante" e associou esse termo ao "capiau do interior de São Paulo", o que pode ser considerado mais um deslize do petista na campanha eleitoral.

As declarações foram dadas em sabatina com o apresentador Ratinho, no SBT, num momento em que Lula criticava o atraso do governo Bolsonaro na compra de vacinas da Covid-19.

"É uma estupidez de alguém que é um pouco ignorante, é o que ele é mesmo, um pouco ignorante. Aquele jeitão bruto dele, de capiau lá do interior de São Paulo, aquele capiau de Registro [no Vale do Ribeira], bem duro assim, bem ignorante", disse Lula.

"Porque tem gente que acha que ser ignorante é bonito e não é. O que é bonito é você ser educado, ser um cara refinado como eu", seguiu.

Violência contra mulheres (20.ago.2022)

Em comício realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, o petista cometeu uma gafe ao condenar a violência contra as mulheres. "Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso."

Esse trecho do discurso foi levado à televisão pela campanha de Bolsonaro na propaganda eleitoral para atacar o petista.

Em abril, durante ato da pré-campanha, Lula chegou a afirmar que Bolsonaro "não gosta de gente, ele gosta de policial" —e se desculpou aos policiais pela declaração no dia seguinte.

Chama sequestradores de 'meninos' (17.jun.2022)

Uma fala de Lula sobre sua atuação para a extradição dos sequestradores do empresário Abílio Diniz, ocorrida há mais de 23 anos, virou nova munição de Bolsonaro e seus aliados contra o petista na corrida eleitoral pelo Palácio do Planalto.

Durante um ato político em Maceió, Lula relembrou em discurso como intercedeu junto ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, em dezembro de 1998, para que atendesse às reivindicações de oito presos por aquele crime.

Na época, o grupo de sequestradores estava havia 46 dias em greve de fome e ameaçava iniciar uma greve seca, com a interrupção de ingestão de água. Sete estrangeiros pediam a extradição para seus respectivos países (Chile e Argentina), e o brasileiro, transferência para seu estado de origem (Ceará).

O episódio já era conhecido, e a fala foi feita pelo petista para ilustrar sua antiga relação com o senador Renan Calheiros (MDB-AL), à época ministro da Justiça de FHC.

"Depois de uma longa conversa com o Renan, ele disse: ‘Lula, vai conversar com o Fernando Henrique Cardoso que eu tenho toda disposição para mandar soltar o pessoal’. Fui ao Fernando Henrique Cardoso: ‘Fernando, você tem a chance de passar para a história como um democrata ou como um presidente que permitiu que dez jovens que cometeram um erro morram na cadeia’", relatou o petista na ocasião.

"Ele disse: ‘Se você conversar com eles, e eles acabarem com a greve de fome, eu solto eles’. Eu fui na cadeia no dia 31 de dezembro e falei com os meninos: ‘Vocês vão ter que dar a palavra para mim e garantir que vão acabar com a greve de fome agora e vocês vão ser soltos’. Eles respeitaram a proposta, pararam a greve de fome, foram soltos e não sei onde estão agora."

Policial x gente (30.abr.2022)

Em abril de 2022, Lula cometeu uma gafe sobre policiais no momento do discurso em que fazia uma série de críticas a Jair Bolsonaro (PL).

"Hoje temos um presidente que não derramou uma lágrima pelas vítimas da Covid ou com a catástrofe que houve em Petrópolis, no Rio de Janeiro. Ele não tem sentimento. Ele não gosta de gente, ele gosta de policial. Ele não gosta de livros, ele gosta de armas", disse o petista na ocasião, em um evento com mulheres na zona norte de São Paulo.

No dia seguinte, Lula pediu desculpas pela fala.

Naquela semana, Lula afirmou que o mundo "está chato para cacete" e pesado porque todas as piadas viraram politicamente erradas. "Então não tem mais graça. Se você quer dar risada é nesses programas de humorismo chatos pra cacete na televisão", disse o petista.

Manda militância pressionar famílias de deputados (06.abr.2022)

Em abril de 2022, Lula foi criticado por defender, em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores), que a militância sindical procurasse deputados e seus familiares na casa deles para pressionar a favor de propostas que interessassem ao setor em um eventual governo petista a partir de 2023.

"Se a gente mapeasse o endereço de cada deputado e fossem 50 pessoas na casa, não é para xingar não, é para conversar com ele, com a mulher dele, com o filho dele, incomodar a tranquilidade dele, surte muito mais efeito do que fazer a manifestação em Brasília", disse naquele momento.

Vantagem do coronavírus (20.mai.2020)

Em 2020, Lula afirmou que o surgimento da pandemia do coronavírus foi positivo para alertar o governo Bolsonaro sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise econômica.

O petista falou sobre o tema em uma entrevista à revista Carta Capital.

"O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo que é público e que tudo que é público não presta nada... Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o estado é capaz de dar solução a determinadas crises."

PALAVRAS DA DISCÓRDIA NA CAMPANHA DE LULA

Tesão
Aparece em um raciocínio que virou uma espécie de bordão, quando Lula diz que, apesar de ter 76 anos de idade, está com "tesão de 20". Ele usou a analogia para destacar sua vontade política de transformar o país. Militantes se incomodaram por considerar o termo depreciativo para o conjunto das mulheres, com perpetuação de estigmas como a submissão feminina

Índio
O termo é visto como desrespeitoso. O mais recomendado é falar "indígena" (ou "povos indígenas", quando a referência for ao conjunto dessa população). Lula passou a usar as palavras indicadas depois de conselhos, mas ainda comete deslizes. Em abril, ao prometer criar um ministério para a área caso fosse eleito, disse que ele "terá que ser [assumido por] um índio ou uma índia"

Escravo
Ativistas da causa racial afirmam que a expressão reduz as vítimas de escravidão a uma condição perene e ignora sua subjetividade, amenizando o fato de que foram submetidas forçadamente a esse processo. Por isso, recomendam a substituição por "escravizado". Lula disse em 2021 que, na visão da elite após a abolição no Brasil, os negros "deixaram de ser escravos para virar vagabundos"

Escurecimento
A palavra foi usada pela apresentadora do evento que oficializou a chapa com Alckmin, no último dia 7. Ao dar uma explicação ao microfone, a cantora Lika Rosa anunciou: "Quero aqui fazer um escurecimento, ou esclarecimento". Ela, que é parda, diz que a mudança foi iniciativa sua, como manifestação por mais representatividade. Bolsonaristas ridicularizaram a fala e atacaram o PT

Picanha
A carne é usada por Lula como exemplo de uma prosperidade que ele promete devolver aos brasileiros mais pobres. Embora continuou em seus discursos, a referência passou a ser acompanhada de menções ao consumo de vegetais e à agricultura orgânica, após reclamações de apoiadores que militam pelo veganismo e pelos direitos dos animais

Eu melhorei meu discurso. Não falo só do pessoal voltar a comer churrasco, mas também o pessoal vegetariano, que não come carne, poder comer uma boa salada orgânica, estimularmos uma agricultura mais saudável no nosso país

Lula (PT), pré-candidato ao Planalto

no Twitter, em fev.2022

Negro como vítima
A fala de Lula, no podcast de Mano Brown em 2021, de que "há uma evolução política dos negros [...] adquirindo a consciência de que não basta ficar achando que é vítima", foi repudiada por membros do movimento antirracista. Eles viram reforço ao discurso de vitimismo, tido como simplista por transferir para os alvos de preconceito a responsabilidade sobre a opressão

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