MST invade Incra em Alagoas e cobra demissão de primo de Lira

César Lira é superintendente do órgão no estado desde 2017; entidades o classificam como 'bolsonarista raiz'

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Salvador

Um grupo de cerca de 1.500 trabalhadores sem-terra invadiram a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), no centro de Maceió, em Alagoas, na manhã desta segunda-feira (10).

Os manifestantes cobram a exoneração do superintendente local do órgão, César Lira. Ele é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).

Foto mostra manifestantes em frente à sede do Incra com bandeiras
Movimentos de luta pela terra ocupam sede do Incra em Maceió (AL) - Mykesio Max - 10.abr.23/MST

César Lira foi nomeado em 2017, ainda na gestão Michel Temer (MDB) por indicação do deputado federal Marx Beltrão (PP-AL). Permaneceu no cargo durante o governo Jair Bolsonaro (PL) com o apadrinhamento de Arthur Lira e segue no posto neste início do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ao todo, participam da ocupação sete entidades de luta pela terra, incluindo o MST (Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra), a Frente Nacional de Luta e a Comissão Pastoral da Terra.

Em nota, o Ministério do Desenvolvimento Agrário informou que todas as nomeações para as superintendências regionais do Incra e escritórios estaduais do ministério estão sendo tratadas na Casa Civil e na Secretaria de Relações Institucionais.

"O MDA e o Incra têm trabalhado pela retomada do programa de reforma agrária no Brasil, paralisado nos últimos anos, e está aberto ao diálogo com toda a sociedade. Nesse sentido, o ministério se reunirá com lideranças dos movimentos sociais do campo de Alagoas para receber a pauta de reivindicações."

As organizações à frente da ocupação afirmaram em nota que, desde janeiro, cobram a exoneração de César Lira, classificado pelos sem-terra como um 'bolsonarista raiz'. Foram enviados ofícios ao deputado federal Paulão (PT-AL) e ao ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira.

"É inaceitável a continuidade de uma gestão bolsonarista. Por que o governo Lula mantém por tanto tempo (mais de cem dias de governo) um superintendente inimigo da reforma agrária e com um histórico de violência junto a lideranças e comunidades?", questionam as entidades.

Os manifestantes defendem a nomeação do servidor público José Ubiratan Resende Santana como o novo superintendente do Incra em Alagoas.

Em janeiro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário indicou que exoneraria superintendentes regionais do órgão indicados por Bolsonaro, atendendo a uma demanda apresentada por movimentos populares do campo, que cobravam uma ação enérgica da pasta em relação aos dirigentes.

Aliado de Bolsonaro na eleição de 2022, Lira foi reeleito presidente da Câmara dos Deputados em fevereiro sem oposição do PT, o que permitiu ao deputado bater o recorde de votos em sua recondução, com o apoio de 464 dos 513 deputados.

Além de apadrinhar César Lira no Incra de Alagoas, o presidente da Câmara também mantém outro primo, Joãozinho Pereira, no comando da superintendência local da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba).

Conforme apontado pela Folha, o governo Lula avalia manter, com o aval do presidente da Câmara, o engenheiro Marcelo Moreira no comando nacional da Codevasf. A estatal mudou de vocação na gestão Bolsonaro e passou a escoar verbas de emendas parlamentares em obras de pavimentação de estradas e na compra de maquinários, como tratores.

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