Descrição de chapéu Folhajus

Gabriela Hardt tem pedido de remoção sob análise e pode deixar a Lava Jato

Juíza substituta que atua na 13ª Vara Federal de Curitiba participa de concurso para transferência, mas ainda pode desistir até segunda-feira

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Curitiba

A 13ª Vara Federal de Curitiba, que abriga os processos remanescentes da Operação da Lava Jato no Paraná, pode ter nova alteração. A juíza Gabriela Hardt, que desde o início desta semana atua na vara em substituição ao juiz afastado Eduardo Appio, está inscrita em um concurso de remoção e pode deixar os julgamentos envolvendo casos de corrupção na Petrobras.

De acordo com o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), Gabriela Hardt "manifestou interesse em concorrer à remoção, assim como diversos outros magistrados", mas, ainda há um prazo para eventual desistência, até a próxima segunda-feira (29).

"Não há como ter uma definição, neste momento, de que a magistrada vai conseguir se remover, até mesmo porque pode haver desistência por parte dela. Após o encerramento dos prazos, o processo é instruído e levado a julgamento pelo Conselho de Administração. Somente após julgado o feito pelo colegiado é que restará sacramentada, então, eventual remoção", diz a nota do TRF-4.

A juíza federal Gabriela Hardt, que atuou na Operação Lava Jato, durante palestra em Curitiba
A juíza federal Gabriela Hardt, que atuou na Operação Lava Jato, durante palestra em Curitiba - Estelita Hass Carazzai-13.mar.19/Folhapress

Na Vara Federal responsável pela Lava Jato, a juíza é substituta, termo que se refere não à condição de suplente ou "reserva", mas ao estágio na carreira de magistrado. Os casos da operação estavam sob responsabilidade de Appio, que é juiz titular.

Hardt atua nos processos da operação em situações de férias ou ausência. Ela chegou a conduzir os casos da Lava Jato temporariamente entre 2018 e 2019, após Moro abandonar a magistratura, e se mostrou alinhada com as teses do hoje senador.

A juíza, por exemplo, expediu a sentença que condenou Lula à prisão na ação penal do sítio de Atibaia (SP), em medida que dois anos mais tarde foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal.

Posteriormente, quando o titular da Vara era Luiz Antônio Bonat, ela despachou na Lava Jato em "regime de auxílio" ao colega, função que incluía avaliar pedidos de prisão e quebras de sigilo.

A permanência dela agora à frente dos processos da operação também é temporária.

No caso do sítio, a magistrada copiou trechos da sentença de Moro no julgamento do caso tríplex de Guarujá. Na sentença do sítio, a juíza chegou a mencionar o termo "apartamento".

A palavra, admitiu a juíza, estava na sentença de Moro e não foi alterada por erro pessoal. "Eu fiz em cima e na revisão esqueci de tirar aquela palavra", disse Hardt na ocasião. "Fiz a sentença sozinha. Todas as falhas dela são minhas."

A juíza federal Gabriela Hardt em encontro com o ministro Sergio Moro
A juíza federal Gabriela Hardt em encontro com Sergio Moro, em foto divulgada no perfil dele em rede social em 2019 - Reprodução

Já Appio, à frente dos processos da Lava Jato desde fevereiro, foi afastado temporariamente na segunda-feira (22), no bojo de um procedimento preliminar da Corregedoria do TRF-4, e que ainda deve gerar a instauração de um processo administrativo disciplinar contra o juiz, depois da apresentação de uma defesa prévia.

Appio tem 15 dias para explicar os motivos de seu suposto telefonema em abril para João Eduardo Barreto Malucelli, filho do ex-relator da Lava Jato em segunda instância, Marcelo Malucelli. No telefonema, o juiz teria fingido ser outra pessoa, aparentemente tentando comprovar o vínculo de parentesco para posteriormente pedir a saída do colega do posto.

O interlocutor que seria Appio encerra a ligação de forma abrupta, após perguntar ao filho de Malucelli se ele "tem aprontado", num tom que pode ser interpretado como uma ameaça, de acordo com membros da corte do TRF-4.

João Eduardo também é sócio do senador Moro (União Brasil-PR), ex-juiz da Lava Jato, e da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP), no escritório Wolff Moro Sociedade de Advocacia. Ele também é namorado da filha do casal de parlamentares.

A relação indireta de Marcelo Malucelli com Moro foi alvo de contestações e o magistrado acabou deixando a relatoria da Lava Jato, após derrubar uma série de decisões assinadas pelo juiz Appio no primeiro grau da Justiça Federal.

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