Descrição de chapéu PL das Fake News internet

Veja quem é quem nos embates sobre o PL das Fake News

Projeto de lei em discussão na Câmara mobiliza governo, parlamentares, big techs, TSE, mídia e artistas

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São Paulo

Com votação prevista para esta terça-feira (2) na Câmara dos Deputados, o chamado PL das Fake News abriu uma disputa que envolve uma ampla rede de atores.

A mais visível é a que opõe as big techs à base aliada do governo Lula (PT). Ela tem como protagonistas o deputado Orlando Silva (PC do B-SP), relator do projeto, e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Diferentes decisões ao longo da tramitação do projeto foram influenciadas pelo posicionamento da bancada evangélica e do presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes.

Mochilas enfileiradas em gramado em frente ao congresso com faixas pela regulação das redes sociais
Grupo Avaaz espalha mochilas em frente ao Congresso Nacional em ato pela regulamentação das redes sociais - Pedro Ladeira/Folhapress

Em sentido contrário, deputados bolsonaristas têm feito oposição ao projeto, que apelidaram de "PL da Censura".

Como o texto vai além da desinformação, ao tratar também de remuneração de conteúdos jornalísticos e direitos autorais, a tramitação envolve também grupos de mídia e artistas.

Veja como cada segmento tem atuado na tramitação do PL.

Governo Lula (PT)
A gestão petista vê o PL das Fake News como um dos mais importantes no primeiro semestre, ao lado da pauta econômica. A avaliação é que a regulamentação das redes sociais impediria um avanço ainda maior da militância do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na internet. Por isso, o Planalto tem atuado junto à sua base no Congresso para fazer o projeto avançar com celeridade.

Orlando Silva (PC do B-SP)
Relator do projeto de lei, o deputado da base aliada de Lula se reuniu com representantes tanto do governo como do TSE e das big techs e com deputados da bancada evangélica para tentar construir um texto com aprovação viável. Ao longo do processo, fez concessões como a retirada da previsão de um órgão de regulação e a garantia de "exposição plena" dos dogmas religiosos. Na reta final da tramitação, vive uma escalada na sua relação com as plataformas, a quem acusou de fazerem "jogo sujo".

Arthur Lira (PP-AL)
Crítico das big techs, o presidente da Câmara teve atuação fundamental para colocar em votação o regime de urgência do projeto, que acabou aprovado. Agora, conta votos para avaliar se mantém a apreciação do plenário da Casa para esta terça-feira (2). Teve papel decisivo para o apoio de Lira ao projeto a previsão de imunidade parlamentar nas redes, pauta de sua campanha para a presidência da Câmara.

Empresas de tecnologia
As big techs abriram ofensiva contra o projeto. O Google, por exemplo, incitou seus usuários a pressionarem deputados a adiarem a votação e colocou conteúdo contra o PL em sua página de buscas. Entre os argumentos, está o de que a responsabilização por conteúdos de terceiros pode induzir a uma "censura privada" por parte das empresas, para evitarem ser penalizadas. Além disso, dizem que podem ser inibidas de remover desinformação de páginas que se dizem jornalísticas e são contras os pontos sobre direito autoral.

Bancada evangélica
A bancada evangélica resistiu ao projeto de lei sob o argumento de que, se aprovado, ele iria proibir a veiculação de determinados trechos bíblicos considerados ofensivos às mulheres e à população LGBTQIA+, ainda que isso não estivesse no texto. Para minimizar a resistência, o relator incluiu no projeto a garantia de "exposição plena" de dogmas religiosos e livros sagrados. Ainda assim, parte da bancada mantém resistência ao PL.

Alexandre de Moraes
O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) tem sido um dos mais aguerridos defensores da regulação das redes e foi quem sugeriu a inclusão da responsabilização das plataformas por qualquer conteúdo impulsionado ou monetizado.

Deputados bolsonaristas
Eleitos com estratégia que envolve forte mobilização nas redes sociais, e com acusações de desinformação e ataques às instituições democráticas, aliados do ex-presidente têm se colocado contra o projeto, que chamam de "PL da Censura". Além do temor da remoção de conteúdos, pesa também o receio de perdas financeiras de canais que apoiam o bolsonarismo.

Grupos de mídia
Há dissenso entre os veículos sobre a forma de remuneração por conteúdo jornalístico prevista no PL. Entidades como Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) e ANJ (Associação Nacional de Jornais), que reúne os principais veículos de mídia, entre eles a Folha, defendem o PL; veículos menores temem perder financiamento por terem menor poder de barganha.

Artistas
Artistas como Caetano Veloso e Marisa Monte, entre outros, têm se articulado pela aprovação de regras que garantam pagamento de direitos autorais por conteúdos replicados nas plataformas.

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